Estudo Revela a Pouca Maturidade Entre Executivos Para Implementar Agenda ESG

Eduardo Martins*

8 em cada 10 empresas fazem menções de teor ESG nos conteúdos institucionais publicados em seus websites, principalmente sobre suas iniciativas ambientais e sociais. Porém, em meio a outras mensagens, mais da metade destas menções são inespecíficas ou superficiais.

Essa foi uma das conclusões a que se chegou após a pesquisa A Reputação das Empresas e a (ainda pouca) Maturidade da Agenda ESG, realizada pela Somatório Inteligência Direcionada, a pedido da Percepta Marketing e Comportamento, entre agosto e outubro de 2021, com executivos de 45 empresas, e publicada em fevereiro.

A consulta, que abordou aspectos relacionados às práticas ESG e como elas contribuem para a reputação de marcas e empresas, foi realizado em duas etapas. A primeira analisou 13,7 mil postagens de 120 empresas de médio e grande porte em redes sociais (Linkedin, Facebook e Twitter), com aferição do nível de engajamento por meio de likes, comentários e compartilhamentos. Em um segundo momento, entrevistas em profundidade com executivos investigaram questões relacionadas às agendas ESG e reputação.

Alguns recortes mostram dados interessantes e um deles é a constatação de que existe um gap de consistência, que é desatualização e descompasso nas mensagens ESG publicadas; outro é que ao menos ¼ das empresas abordadas não tem executivos, profissionais ou equipe designados para a gestão dessa agenda; entre as demais, metade tem atribuição específica.

 

Contribuição importante é que ela identificou que os executivos estão levando a sério essa questão e admitem que a agenda tem tido impacto alto nas políticas das empresas e a alocação de recursos para sua implementação aumentou quase 80% nos últimos anos.

Também é relevante a constatação de que o interesse maior das empresas está focado na agenda de Governança, ficando a agenda Social em terceiro plano, suplantada também pela Ambiental.  Atuação junto a comunidades locais está na ponta da lista quando se trata de questão social e o apoio a projetos de educação e cultura está acima das ações que envolvem cidadania, inclusão e combate à desigualdade. Mas o compliance, preocupação com o código de conduta, está no topo de todos os interesses.

CONTRADIÇÃO – Quando se analisa as Prioridades Declaradas x Maturidade Estimada é possível observar que a maioria dos executivos afirma que suas empresas priorizam a agenda ESG e que “a questão ambiental é um driver de grande visibilidade e apelo”, porém quando se olha o quadro sobre Implementação das Iniciativas, o resultado revela que a questão ambiental está em terceiro lugar – o interesse maior está, mesmo, é na Governança.

Os próprios executivos, num exercício de autoavaliação de suas agendas, reconhecem lacunas nesse processo, entre elas: documentação de processos, definição de metas e KPIs; implementação de projetos de sustentabilidade, alinhados com fornecedores e parceiros da cadeia de negócios; e comunicação com stakeholders.

Entre as reflexões suscitadas pelo estudo destacam-se mudanças e o alinhamento de cultura corporativa; repactuação do papel das empresas na sociedade; objetivos comerciais e financeiros e legitimidade de propósitos.

E que a política ESG deve levar em consideração os objetivos e anseios da empresa e de todos seus acionistas e a sociedade, num equilíbrio dinâmico, com demandas nem sempre convergentes.

Requer, portanto, uma mudança de dentro para fora.

A pesquisa completa pode ser vista por aqui.

Não deixe de ler também entrevista com consultor da Percepta sobre essa pesquisa e diversas questões relacionadas à agenda ESG e outras matérias publicadas por Valor Cultural com abordagem semelhante.

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