Escritor Conta Como Obteve Sucesso no Mercado Digital

A trama de A Contrapartida colocou o livro de Uranio Bonoldi entre os mais vendidos no ranking da plataforma Amazon, desde seu lançamento em 2019.

Considerado um dos principais thrillers nacionais dos últimos anos, ele conta a história do menino Tavinho, um jovem que, para não frustrar a mãe e honrar a memória do pai, vítima da violência da cidade de São Paulo, opta por cortar caminhos durante sua adolescência. Com a ajuda de sua governanta, ele aceita tomar o elixir da sabedoria, que o tornou mais astuto, com raciocínio mais ágil e inteligência superior, mas provocou um efeito colateral inesperado: o assassinato de pessoas em série.

Três anos depois, A Contrapartida II, O Contra-ataque, lançado pela Editora Valentina, já está no mesmo caminho, embora não tenham sido computados ainda os números de venda tanto de exemplares físicos como de e-books. Repetindo a intensidade do volume 1, esta sequência pretende colocar o leitor diante de situações em que a maldade, motivada pela vingança, desencadeia uma série de acontecimentos que fogem ao controle dos envolvidos na trama.

“A vingança não leva em conta qualquer senso de justiça e pode se basear no que vemos, no superficial. Muitas vezes a retaliação é fruto de diversos sentimentos obscuros da alma humana que, ao longo do tempo, vai moldando o caráter de uma pessoa. Na maioria das vezes, as consequências de ações motivadas pelo revide desmedido são devastadoras”, comenta o autor.

Uranio Bonoldi era um executivo com tráfego entre médias e grandes empresas, sempre em cargos de direção. Foi CEO do Instituto Butantan, indicado para sanar problemas de gestão, e depois abriu uma consultoria empresarial de planejamento estratégico, assunto que dominou durante todos esses anos, além de ser palestrante e consultor e professor do Executive MBA da Fundação Dom Cabral, onde leciona sobre “Poder e Tomada de Decisão”. De cinco anos para cá resolveu ser escritor.

E deu certo, se for levado em conta que em um País onde se lê pouco alcançar a marca de 20 mil exemplares vendidos por um autor desconhecido é feito para celebrar.

Mas a trajetória de A Contrapartida II trouxe desafios que o lançamento do primeiro volume não teve que enfrentar, já que a pandemia causou efeitos inesperados a ponto de o pensamento de abandonar tudo ter passado por sua mente, mas por um momento fugaz. O “lockdown” exigia outras soluções e Uranio as encontrou. Quais? É isso o que ele conta nessa conversa com Valor Cultural.

VALOR CULTURAL – No material que recebi de sua assessoria, você diz assim: “Após a publicação do primeiro livro, o segundo mostrou um desafio bastante diferente. Tive que me adaptar às mudanças de comportamento, aos novos hábitos dos leitores”. Que mudanças foram essas que você identificou?

URANIO BONOLDI – Com a pandemia todo mundo levou aquele susto, pois, assim que ela foi detectada, automaticamente veio o lockdown. Quando veio o lockdown, com todo o comércio fechando, e justamente o varejo que dá um grande apoio para a venda de livros, de uma hora para outra teve a exposição das obras foi afetada. Como eu tenho um certo background de gestão, pensei: parado é que a gente não pode ficar. Particularmente eu consigo expor a minha obra, focando a minha exposição no e-commerce. Então o que eu busquei?  O livro-chave havia sido lançado nos modos antigos, com os promotores da editora visitando as livrarias, que colocavam os livros em exposição. Solução, então, foi colocar os livros em marketplaces e foi isso a grande mudança. O que era antes uma exposição física, ela passou a ser vendida em forma física e e-books, na internet.

Não foi só uma questão desse mercado literário, mas generalizado. Efeito foi o crescimento maior nas vendas em e-commerce do que lojas físicas. Essa semana mesmo saiu uma reportagem mostrando o muito que as vendas de e-commerce suplantaram as de vendas de Shopping Centers.

VC – Você acha que depois voltará ao normal?

UB – É claro que isso tende a voltar, sem sombra de dúvida, e já está voltando. E aí a diferença entre o lançamento que eu fiz do primeiro para o segundo livro está justamente que ele foi totalmente calcado em e-commerce na internet, junto aos marketplaces, buscando também os influencers, divulgando o livro junto aos influencers, para eles fazerem resenhas, a gente mandando resenhas pra eles e solicitando que eles divulgassem .. então toda essa movimentação ela passou a ser feita de forma virtual, acho que essa é a grande diferença. Mas eu acredito que vai haver um equilíbrio entre essas duas forças, na forma de comercialização dos livros.

As vendas nas livrarias estão voltando, a gente sente isso de forma bastante forte, já há bastante ação nesse sentido, mas por outro lado essa forma de e-commerce ficou.

VC – Você mergulhou pessoalmente, contratou agências… que providências você tomou para ter sucesso com esse e-commerce?

UB – Naquele momento o que sucedeu foi uma vontade de parar, mas recebi apoio de uma agência. Porém ela trabalhava mais em lojas físicas e assessorias de imprensa, mas fomos buscar informações em veículos de comunicação e ela também se orientou criando uma base de dados de influencers pra gente ter um relacionamento e ter divulgação da obra. Por que é a tal história: como que vai ter o boca-a-boca, esse livro fala sobre isso e isso, o leitor lê e aí começa o boca a boca. Mas agora você tem que dar essa chance pro leitor te experimentar e mostrar olha eu tô aqui, me experimenta.

VC – Você lançou o primeiro livro no físico e vendeu mais do que o digital. Você pode dizer quantos exemplares vendeu?

UB – O primeiro livro está na casa de 10 a 12 mil livros vendidos (posteriormente Urânio atualizou esse número para 20 mil). A Contrapartida 2 eu não tenho ainda por que foi muito recente.

VC – Você colocou na Amazon só ou em outros marketplaces?

Para se conectar com os jovens, autor criou uma série de ficção. Deu certo.

UB – Coloquei na Amazon, Magazine Luiza, Casas Bahia, todos os grandes marketplaces.

VC – As pessoas perguntam muito pra gente como se coloca isso no marketplace. As pessoas não sabem como funciona. Como funciona?

UB – Operacionalmente falando, a operação em si eu desconheço. Explico. Porque quem faz isso é a editora e sei que as editoras têm empresas parceiras que fazem isso. Agora, tem um ponto aqui que acho que é importante. Isso que falei vale para todos os marketplaces, todos eles, mas na Amazon existe a possibilidade de um escritor absolutamente independente publicar. Tem um espaço dentro do site da Amazon que o escritor clica lá e ele lança o seu livro. Coloca lá o código dele, publica o seu livro, ele tem possibilidade de fazer sozinho. Tem outros também, como o Publibook.

VC – Outra coisa que você disse é que livrarias ganharam espaço pelo atendimento personalizado que oferecem ao consumidor. Você está sentindo isso mesmo, as pequenas livrarias de bairro estão conseguindo voltar a ser uma coisa atraente?

UB – O que percebi é que livrarias de bairro já vinham sofrendo muito. As que resistiram continuam bem posicionadas porque elas operam com um nicho – são livros de pesquisa, de navegação, livros de culinária, alguns títulos específicos de ficção, algumas são mais focadas em bibliografias, então a gente percebe que em livrarias de nicho, atrás daquele negócio tem o dono, o livreiro. Essa livraria resistiu, reviveu, ainda a duras penas, mas estou percebendo que estão nascendo novas, bem pequenas , estou sentindo que sim. Estão nascendo novas livrarias de bairro, com pegadas interessantes.

VC – Essa coisa do e-book é uma alternativa que está crescendo, principalmente nesse momento de pandemia. Estava lendo os dados da SNEL e da Câmara Brasileira do Livro e houve um aumento de 30% no volume de vendas no país. No ano passado houve uma queda de 18% e agora cresceu 30%.

UB – Vejo o efeito dessas plataformas de streaming. Na pandemia, as pessoas ficavam mais em casa e assistiam pelo streaming e também leram mais. De certa forma acho que isso pode ter atraído leitores para esse patamar. Pode cair um pouquinho, mas vai ficar em outro nível e talvez essa pandemia, olhando pro lado positivo das coisas, ela pode ter trazido esse benefício, ela trouxe um número maior de leitores para o mercado que talvez antes estivessem dormentes.

VC – Pesquisa da Retratos da Leitura no Brasil afirma que existe 100 milhões de leitores no Brasil, quase 50% da população. Acho um pouco otimista esse número.

UB – Provavelmente ele inclui os livros didáticos…

VC – E Bíblia…

UB – Aí é uma pancada. Porque se a gente tira didático e tira Bíblia, aí a coisa vem pro mundo real. E cai bastante.

VC – Tem um projeto de lei (PL 3.887/20) tramitando na Câmara que prevê aumento de 12% de imposto sobre o livro vendido. Pessoal em vez de ajudar só complica mais, não é?

UB – É, o setor já enfrenta dificuldade e você ainda vai tributar livro… isso não me parece algo muito salutar. E depois nós estamos falando de cultura, mas eu não sei se esse projeto será aprovado porque as forças contrárias serão bastante grandes.

VC – E essa questão do Direito Autoral? Você não se preocupa com essas pessoas que copiam livros em PDF, copiam resenhas e colocam na web?

UB – Para um escritor como eu, se estão replicando o meu livro em PDF, e colocando em plataforma de internet de graça, isso quer dizer que tem gente querendo ler o livro e estão baixando. A gente tem que coibir esse tipo de prática quando se está falando de uma obra inteira, mas como estamos falando de resenha eu não vejo que é por aí. Acho que começa a regular demais.

VC – Fala um pouquinho do seu trabalho, da tua biografia.

UB – Eu fui sempre um executivo de médias e grandes empresas, cheguei a atuar como CEO da Fundação Butantan, aqui em São Paulo, por três anos, numa missão de intervenção por questões graves que estavam acontecendo e eu entrei para organizar. Depois eu abri uma consultoria, me tornei um consultor empresarial de planejamento estratégico, e aí eu resolvi começar a escrever. Primeiro comecei a desenvolver um método de tomada de decisão, inclusive escrevi um livro a respeito de tomada de decisão e ele será publicado ainda no primeiro trimestre desse ano ou até abril. Mas aí me veio o seguinte ponto: estou escrevendo esse livro com todo o embasamento, bastante sério, mas as pessoas começam a tomar decisões muito importantes na vida já na adolescência, quando começam a escolher profissão. Então como eu capto esse público? Aí resolvi escrever uma ficção extremamente baseada nessa questão de escolhas e decisões e suas consequências e acabei escrevendo A Contrapartida, que acabou se tornando uma série.  Hoje já existe o livro 2; o 3 ele já está na editora e já estou até no livro 5. Essa série de ficção, cujo objetivo é o público jovem, e, paralelamente, eu tenho esse livro mais dedicado à cadeia de negócio em que que eu apresento a metodologia. Então eu me dediquei à escrita de 5 anos pra cá. (E.M.)

SERVIÇO

A Contrapartida 2 – O Contra-ataque. Edição Valetina. 400 páginas. Preço de capa: R$ 59,90. Preço e-book: R$ 49,90.

Para adquirir o livro veja por aqui

Instagram do autor: @uranio_bonoldi e @livroacontrapartida

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