Há várias novidades importantes surgidas na 2ª Pesquisa Nacional da Indústria de Games, desenvolvida em parceria entre ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos), e a Abragames (Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Digitais).
Entre elas:
► Crescimento de 177% de estúdios de desenvolvimentos nos últimos 5 anos;
► Eles estão presentes em quase todos os Estados da Federação;
► Metade dos desenvolvedores que atuam no mercado internacional obtiveram ali 70% do faturamento;
► Em 2022, faturamento da indústria de games foi de US$ 251,6 milhões;
► Plataformas com maior receita passaram a ser computadores e não mais dispositivos móveis;
► Interesse maior agora está na IA e não mais em blockchain ou realidade virtual.
O principal objetivo da segunda edição da pesquisa foi mapear o momento do ecossistema de jogos digitais no Brasil, considerando o ano todo de 2022 e comparando com o estudo anterior, que analisou o mercado em 2021. Diante das constantes novidades do setor, e visando maximizar o alcance do estudo, o período de apuração dos dados e análises ocorreu no ano de 2023.
Desde 2014, quando foi realizada a primeira análise do segmento, o Brasil passou de 133 estúdios de desenvolvimento de games para 1.042, aumento de quase oito vezes. Somente nos últimos cinco anos, esse mesmo recorte cresceu 177%, já que em 2018 apenas 375 empresas desenvolviam games no país.
Pesquisa revela que os estúdios nacionais de desenvolvimento de games estão distribuídos por praticamente todos os estados da federação, mas que a maior concentração continua nos Estados do Sul e Sudeste. Essa polarização histórica se deve, principalmente, ao surgimento dos primeiros cursos de design de games e desenvolvimento de jogos digitais nestas regiões, assim como todo ecossistema criativo presente em suas principais cidades. Das 1.042 empresas mapeadas na pesquisa, 861 estão divididas regionalmente, sendo São Paulo (302), Rio de Janeiro (107) e Rio Grande do Sul (69) os estados com maior presença.
Metade das desenvolvedoras nacionais que atuam no mercado internacional obtiveram mais de 70% de seu faturamento diretamente do exterior. Quando considerados apenas os estúdios com faturamento principal proveniente de fora do país, o número de desenvolvedoras sobe para 65%.
Para as empresas nacionais exportadoras, os Estados Unidos e países da América Latina representam os principais mercados comerciais. No período da pesquisa, esses países fizeram negócios, respectivamente, com 58% e 57% dos estúdios brasileiros com esse perfil. O resultado reflete crescimentos de 3% e 4%, também respectivamente, em relação à pesquisa anterior. Já a Europa Ocidental, por sua vez, foi a região com maior crescimento percentual, saltando de 49% para 54%.
Em 2023 o Brasil foi o país homenageado pela gamescom, um dos maiores eventos de games do mundo e realizado anualmente em Colônia (Alemanha), que reconheceu publicamente o amadurecimento e a qualidade das desenvolvedoras brasileiras.
FATURAMENTO — A segunda edição da pesquisa apresenta novo método de cálculo do faturamento da indústria nacional de games.
Enquanto o modelo anterior considerava apenas o faturamento das desenvolvedoras que atendem ao mercado consumidor e de entretenimento, o atual considera os jogos e serviços desenvolvidos para terceiros, jogos educacionais, advergames etc. Dessa forma, estima-se que, em 2022, o faturamento da indústria de desenvolvimento de games do Brasil foi de US$ 251,6 milhões.
Quando comparados os resultados das duas pesquisas mais recentes, observa-se que, na atual, 60,4% das empresas têm faturamento de até R$ 360 mil, frente a 65% na pesquisa de 2022. A maior diferença se dá na faixa de até R$ 81 mil, que caiu de 39% para 33,3%. Já a linha de faturamento entre R$ 360 mil e R$ 1,8 milhão subiu de 23% para 27,7%, reforçando o movimento detectado em 2022, de que as desenvolvedoras estão em processo de amadurecimento e com maior exposição ao mercado internacional.
Em relação às fontes de receita e tipo de monetização, destaca-se que o faturamento proveniente da venda de jogos, via plataformas digitais, cresceu de 54% em 2021 para 62% em 2022. Já a venda direta caiu de 30% para 23% no mesmo período. Na sequência aparecem as microtransações (20%), encomendas privadas (17%) e publicidade (16%). No recorte por tipo de jogo, os de entretenimento lideram com folga (83%), seguidos dos educacionais (8%) e advergames (3%).
Uma das grandes surpresas da pesquisa foi verificar que, nas plataformas que geraram maior receita, a maioria das empresas indicou os computadores (44%), seguidos pelos dispositivos móveis (23%) e consoles (12%).
No estudo publicado em 2022, os jogos para dispositivos móveis lideravam com folga (39%), seguidos dos games para PC (21%). No estudo novo, os jogos para computador assumiram a frente com 24,9% da preferência, pouco à frente dos mobile, que figuram com 24%.
TENDÊNCIAS — A atenção dada nos últimos anos às novas possibilidades tecnológicas relativas a Inteligências Artificiais (IA) generativas deixou em segundo plano algumas tendências reportadas na pesquisa anterior, como blockchain, realidade virtual, aumentada ou mista (XR) e metaverso. Cerca de metade dos respondentes citaram ou fizeram comentários sobre a IA como tendência, tanto de curto como de longo prazo.
Além disso, tal qual em 2022, dentre as maiores tendências de mercado assinaladas pelos respondentes, aparecem no topo da lista os jogos em nuvem (cloud gaming), os por assinatura e a aceitação e utilização do trabalho remoto com empresas de diferentes países.
A pesquisa mostra que 70% das empresas brasileiras trabalham em sistema de home office, seguidas de 16% que atuam em regime híbrido e apenas 14% de maneira presencial. Como contrapartida, esse cenário abriu portas e acelerou o processo de saída de profissionais mais experientes para o mercado internacional, já que a contratação não enfrenta mais barreiras físicas de deslocamento. Como consequência, a retenção de profissionais de ponta no país torna-se mais difícil, visto que as empresas estrangeiras costumam oferecer mais atrativos financeiros a seus colaboradores.
A crescente maturidade da indústria brasileira também fica evidente em outros recortes da pesquisa. Entre eles, destaca-se que, em 2022, 93% dos estúdios nacionais desenvolveram propriedade intelectual (PI) própria.
“Atualmente, os projetos dos nossos estúdios não devem nada aos de mesmo tamanho de qualquer outra parte do mundo. Ainda há uma clara diferença de investimento, mas não por uma questão de capacidade. De 2021 para 2022, por exemplo, observou-se que a participação dos estúdios nacionais em projetos transmídia (15%) e de licenciamento das próprias PIs (13%) superaram a atuação com licenciamento de produtos de terceiros (10%) — que em 2021 representava 18%”, avaliou Rodrigo Terra, presidente da Abragames.
O levantamento, em 2023, foi conduzido pela GA Consulting, que deu continuidade ao trabalho da primeira edição da pesquisa. O novo estudo, assim como o prévio, utilizou metodologia mista, com enfoque principal no mapeamento e no questionário. Para isso, foram utilizadas referências bibliográficas e o conhecimento já levantado e estruturado no ano anterior.
Na pesquisa atual, 309 empresas responderam ao questionário proativamente, como estúdios desenvolvedores, aumento de cerca de 39% em relação ao ano anterior (223 empresas). Além disso, 34 estúdios responderam ao questionário como autônomos (por serem empresas individuais), chegando a um total de 343 respondentes entre as empresas consideradas ativas – ou 33% das mapeadas.
Para acessar a versão completa da 2ª Pesquisa Nacional da Indústria de Games, clique aqui.
LEIA TAMBÉM
Visando Público Jovem, Banco do Brasil Lança BB Games Series
Grupo de Empresas Realiza a Mais Completa Pesquisa Sobre Games no Brasil
SERVIÇO
Homepage: Imagem de Kyra Starr