Acessibilidade: facilidade na aproximação, no tratamento ou na aquisição. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nosso País tem cerca de 3,6% da população com algum tipo de deficiência visual, sendo mais recorrente em pessoas acima de 60 anos (11,5%). A falta de acessibilidade faz com que esses e outros portadores de algum tipo de deficiência tenham limitações em suas atividades, como na educação ou no lazer.
A acessibilidade é tema recente no mercado cultural. No ano passado, a Agência Nacional de Cinema (ANCINE) divulgou, por meio da Instrução Normativa 128/2016, a obrigatoriedade de recursos audiovisuais na distribuição e exibição para atender pessoas portadoras de algum tipo de deficiência visual e auditiva. Espera-se que, até 2018, todas as salas de exibição comerciais já estejam adaptadas. Atualmente, todo projeto audiovisual enviado para a ANCINE, visando incentivo com recurso público do Governo Federal, deve incluir mecanismos de acessibilidade: Áudio-descrição (AD), Legenda para Surdos e Ensurdecidos (LSE) e Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).
Todas as pessoas têm direito a acessar peças de teatro, filmes, palestras e exposições. Trazer acessibilidade ao seu projeto, tornando-o inclusivo para todos, aumentará o alcance do seu público, já que que o número de brasileiros com alguma deficiência, de acordo com o último censo realizado pelo IBGE em 2010, girava em torno de 45 milhões de pessoas. Isso representa perto de 24% da população total do Brasil.
Parceria – Adotando medidas de acessibilidade, o mercado cultural se molda cada vez mais a um novo público. Porém, muitos profissionais têm dúvidas recorrentes sobre como pode ser feito o trabalho de adaptação dos projetos. Com o intuito de contribuir para a disseminação das boas práticas nesse processo, o portal Marketing Cultural, já em seu lançamento, inaugura uma Seção destinada somente ao tema, em parceria com a Entrelinhas Comunicação Acessível. A cada quinze dias, teremos um artigo com o objetivo de promover a discussão e informar profissionais e curiosos que buscam melhor conhecimento nessa área.
Trazer acessibilidade ao seu projeto, tornando-o inclusivo para todos, aumentará o alcance do seu público
Sediada em Recife (PE), a Entrelinhas trabalha há dois anos no mercado de comunicação acessível e, especificamente, recebe demandas de projetos na área do audiovisual, eventos, palestras e exposições fotográficas. A empresa é formada por Priscila Xavier e Bruna Cortez (cofundadoras e áudio-descritoras), Leonard Sousa (cofundador e consultor), Otávia Regina e Robson Souza (colaboradores).
Inovar no setor da comunicação é fundamental para a Entrelinhas, como ressalta Leonard. “Chegamos à conclusão de que o conhecimento que adquirimos não poderia ficar tão restrito apenas a nós. Entendíamos que seria extremamente necessário inovar no mercado da acessibilidade comunicacional aplicando os recursos da forma mais correta possível”.

Hoje a empresa tem como público-alvo pessoas com deficiência visual (cegos e/ou baixa visão) e auditiva. Os serviços oferecidos são de áudio-descrição, LSE e LIBRAS. A maioria dos projetos que chegam para a empresa são audiovisuais, como documentários, curtas-metragens, séries animadas, eventos, palestras, visitas guiadas e exposições fotográficas.
Contudo, a importância de expandir o mercado, tornando-o cada vez mais acessível, não pode ser vista como um favor feito à sociedade e sim uma medida que reforça o direito de todas as pessoas fazerem parte do meio cultural. “Os profissionais desse mercado precisam compreender que muito mais do que cumprir exigências legais, disponibilizar obras com os recursos de acessibilidade comunicacional é prover a cultura para estas pessoas. O que é um direito delas, jamais um favor”, explica Leonard.
Todo produto cultural ou de entretenimento pode ser pensado para alcançar pessoas que tenham algum tipo de deficiência. Porém, muitos profissionais da área da cultura chegam nas empresas que prestam esse tipo de serviço sem nenhum conhecimento. Não sabem, ao certo, o que precisa ser feito, o valor do serviço ou como ele é realizado. Como seria a adaptação em uma peça audiovisual, por exemplo? Essas e outras questões, vamos abordar na seção de acessibilidade do portal Marketing Cultural.
“Disponibilizar obras com os recursos de acessibilidade comunicacional é prover a cultura para estas pessoas. O que é um direito delas, jamais um favor”.
Para oferecer uma ideia do que vem por aí, a Entrelinhas Comunicação explicou como é feita a adaptação para peças audiovisuais:
“É importante que todos os filmes cheguem finalizados em imagem e som para dar início ao trabalho de acessibilidade e inserção dos recursos. Na áudio-descrição, o(a) áudio-descritor(a) elabora o roteiro de áudio-descrição respeitando-se as pausas naturais dos diálogos. A segunda etapa é a revisão desse roteiro. O consultor de áudio-descrição – que deve ser uma pessoa cega ou com baixa visão que tenha passado por um curso de A-D – avalia as sentenças e as corrige, se for necessário, juntamente com o(a) áudio-descritor(a). Com o roteiro finalizado partimos para a gravação em estúdio, edição e finalização da faixa de áudio que será inserida no material audiovisual. Em casos de A-D ao vivo, geralmente fazemos apenas a parte do roteiro e consultoria, fazendo a narração em tempo real”.
Quer saber mais sobre como adaptar seu projeto e torná-lo compreensível a todos? A Entrelinhas Comunicação Acessível estará presente em nosso portal contanto tudo o que acontece no mercado da acessibilidade e cultura. A cada quinze dias, teremos um novo ponto de discussão, informando como você pode expandir seu público integrando essa linguagem ao seu projeto cultural. Não perca essa oportunidade!
Abrindo a Seção de Acessibilidade, a Entrelinhas Comunicação Acessível contou quais são os benefícios da TV Digital para a acessibilidade. Clique aqui e saiba como ela pode andar de mãos dadas com a tecnologia.
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