Em 2020, 66% dos brasileiros fizeram algum tipo de doação e R$ 10,3 bilhões foram distribuídos, especialmente em bens ou materiais. Combate à fome e à pobreza foi a causa principal e 83% concordaram que doar faz diferença.
Esses são alguns dos números divulgados pelo GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas) constantes no documento “Os Rumos da Cultura da Doação do Brasil”, com base na Pesquisa Doação Brasil 2020, realizada naquele ano, e comparada com os mesmos dados colhidos no levantamento anterior, em 2015.
Embora alguns números possam estar contaminados pela incidência da pandemia de Covid, o objetivo do trabalho foi identificar o perfil dos doadores e os recursos doados pelos segmentos Individual, Institucional e Investimento Social Privado (ISP).
Nos casos das interferências por indivíduos, algumas comparações chamam atenção:
- Em 2015, a causa para quem as pessoas mais doaram foram as crianças e representou 36% do total; em 2020, ela ficou em 19%.
- O combate à fome e à pobreza foi preocupação de somente 29% em 2015 e passou a ser a maior de todas em 2020, com 43% das preferências.
- Se 66% dos brasileiros fizeram alguma doação, esse número é menor do que se verificou em 2015, quando atingiu 77% da população. Em 2015 também se doou mais: R$ 13,7 bilhões.
- Dado curioso é que no ano em que a forte pandemia afetou a vida de todos, doação para a causa da Saúde representou apenas 10% do total, contra 40% em 2015. Os idosos também sofreram com o declínio das doações: essa causa foi escolhida por apenas 6% dos brasileiros, contra 21% em 2015.
Importante observar que 69% dos doadores consideram importante não revelar o que fez, mas o documento aponta também que essa convicção já foi maior em 2015, quando 84% pensavam assim. O que cresceu foi o reconhecimento de que as Organizações Sociais são necessárias no combate aos problemas socioambientais (74% contra 57% em 2015) e que a atuação dessas entidades leva benefício a quem realmente precisa (67% a 47%).
E o nordestino continua sendo o campeão entre os doadores.
COMO DOAM – Mas famílias e indivíduos representam apenas 5% entre os doadores mapeados porque a maioria desse universo é composto pelas doações institucionais de empresas por meio de seus Institutos e Fundações. E nele a cultura da doação se baseia mais em dinheiro.
Foram identificados mais de 731 mil doadores jurídicos que aportaram cifra superior a R$ 7 bilhões em benefícios, sendo 58% em espécie e 73% para causa da Saúde.
Já a publicação Horizontes e Prioridades Para a Filantropia e Investimento Social no Brasil, resultante do 11º Congresso GIFE, apontou que, em 2018, organizações identificadas como essencialmente financiadoras, que representaram 23% do total, investiram R$ 1,1 bilhão via estratégias de grantmaking, palavra inglesa que identifica a prática, por organizações e pelas empresas, de financiar projetos sociais já existentes em vez de criar novos e executá-los por conta própria.
Para conhecer a íntegra do infográfico em PDF distribuído pelo GIFE, clique aqui.
(Matéria originalmente publicada em maio/22)