Sede Por Leitura nas Periferias Gera Vendas de R$ 3,7 Milhões

Pesquisa inédita realizada pela Organização Social Ação Educativa sobre o mercado editorial das periferias da região metropolitana de São Paulo revelou a existência de 18 editoras e selos editoriais estabelecidas e/ou vinculadas aos bairros dessas regiões. Os números do estudo mostram que 375 livros já foram publicados por essas editoras, somando 187.500 exemplares com vendas em torno de R$ 3,75 milhões.

Segundo os dados, cerca de 275 autores e autoras foram publicados, sendo que a maioria dos leitores é de moradores das próprias periferias (51,8%) e o custo elevado é a principal dificuldade no acesso aos títulos (29,6%).

Ela indica que a divulgação (32,7%) é o maior desafio para o aumento das vendas. Metade (50%) das editoras/selos está localizada na periferia da Zona Sul de São Paulo. Apenas uma está localizada em outro município, Embu das Artes, na Grande São Paulo.

O levantamento da Ação Educativa revela que a maior parte das vendas dos livros das editoras das periferias de São Paulo é feita de mão em mão, mas há crescimento no e-commerce e vendas em livrarias.

CRESCIMENTO – Participaram do estudo editoras e selos de publicação das periferias de São Paulo surgidos entre 2005 e 2019. A leitura dos dados do período de 14 anos mostra que entre 2011 e 2016 surgiram 10 das 18 editoras.

Apesar da estrutura de pequeno porte, a pesquisa revelou que a maioria (61,1%) das editoras/selos que participaram da pesquisa têm CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica), o que pode apontar para a consolidação de um negócio editorial e atividades mais amplas do que aquelas que não possuem ou têm seu cadastro prejudicado. O CNPJ é constituído por essas organizações para permitir a edição e comercialização editorial, mas também atividades afins, como organizacão de eventos literários, acesso a editais públicos e privados e prestação de serviços de natureza artística e educativa.

Arte na Casa: um dos projetos da OS Ação Educativa (Divulgação)

A maioria destas organizações surgiu no contexto dos saraus e das iniciativas de poesia declamada em público. Neste grupo, há editoras/selos que publicaram primeiro antologias de poesia com vários autores, mas também destacaram produções individuais de autores oriundos dos próprios coletivos ou ligados de alguma forma ao contexto dos saraus. Há também empreendimentos que já surgiram como projeto editorial ou que desenvolveram experiências mais autorais – ainda que o processo seja coletivo. E por último, quase exceção, há aqueles empreendimentos mais descolados destas iniciativas e que possuem foco quase exclusivo na própria produção editorial.

Realizada em nove etapas entre fevereiro e agosto de 2020, a pesquisa tem o objetivo de contribuir para a democratização do mercado editorial brasileiro e para a bibliodiversidade nas práticas de leitura do país.

“O movimento editorial nas periferias se expande, principalmente, a partir dos saraus, no início dos anos 2000. Ali, ele conquistou leitores e escritores, que se desdobram em múltiplas e potentes vertentes literárias”, explicou o coordenador cultural da Ação Educativa, Eleilson Leite.

A pesquisa completa, denominada “Perfil 2020 – Editoras e Selos Editoriais das Periferias de SP” está aqui.

QUEM É – Criada em 1994, Ação Educativa é uma organização de direitos humanos, sem fins lucrativos, com trajetória dedicada à luta por direitos educativos, culturais e da juventude.

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