As duas realidades realmente impressionam. O incêndio na Catedral de Notre-Dame provocou um movimento de solidariedade entre empresários que resultou no aporte do equivalente a R$ 3 bilhões em poucos dias para auxiliar em sua restauração. Ninguém, nem brasileiro que colaborou, perguntou se havia lei de incentivo para isso.
Já por aqui, com uma lei de incentivo que permitiria ao doador abater toda a aplicação em seu Imposto de Renda devido, o interesse em auxiliar na restauração do Museu Nacional beirou o zero. É verdade que a Associação dos Amigos do Museu Nacional nem projeto encaminhou ao então Ministério da Cultura para atrair patrocinadores, mas em janeiro do ano passado ela teve aprovada uma proposta de R$ 7,6 milhões de revitalização do Museu, com ampliação de cerca de 2,3 mil m² da área expositiva e que permitiria ser aberto ao publicado, pela primeira vez, o Quarto do Imperador e o Jardim das Princesas
Somente o BNDES auxiliou com R$ 2,3 milhões. Já para o restauro e construção do Museu Judaico, apenas para dar um exemplo, 41 empresas colaboraram com o projeto, que arrecadou, desde 2012, a quantia de R$ 19 milhões dos R$ 21 milhões aprovados pelo Ministério.
Só resta perguntar em relação ao Museu Nacional: houve desinteresse das empresas, incompetência para captar recurso ou desconfiança quanto ao gerenciamento da verba que ficaria sob a guarda do proponente?