Como o Futebol Brasileiro se Tornou Uma das Experiências Mais Chatas do Esporte

Eduardo Martins*

Em 2022 a Confederação Brasileira de Futebol teve faturamento recorde de R$ 1,1 bilhão, com lucro também recorde de R$ 143 milhões. Previu investimento de R$ 793 milhões diretamente no futebol (números de 2023 ainda não estão consolidados).

Com a chegada das SAFs (Sociedade Anônima do Futebol), as aplicações feitas por empresas nos clubes em forma de patrocínio, e o fechamento de acordos por dois grupos separados para transmissão das partidas por TV aberta, fechada e pay-per-view, o volume de recurso está atingindo cifras há pouco inimagináveis.

Por isso fica difícil entender como clubes e empresas brasileiras não conseguem enxergar que o apreço pela qualidade do produto (regra crucial para qualquer mercado) é a única maneira para garantir sua sobrevivência de forma saudável.

E está acontecendo que, quanto mais dinheiro é investido, pior é a qualidade do produto apresentado.

Está insuportável assistir a alguma partida do futebol brasileiro porque:

O jogo é interrompido a todo momento por faltas;

A maioria das faltas marcadas é por simulação;

Como se fossem os mais subnutridos do Planeta, jogadores caem com simples esbarrão;

Os árbitros são coniventes com esse comportamento para “não se comprometerem”. E como os atletas sabem disso, continuam se jogando;

Quando sofrem faltas reais, reagem como se tivessem levado um tiro;

Treinador dá chilique na beira do campo por qualquer erro banal dos juízes, mas incentivam seus jogadores quando perdem pênalti, fazem gol contra ou tomam “frango”.

Treinador pressiona o árbitro, jogador pressiona o árbitro, diretor pressiona o árbitro e querem que ele não erre;

Qualquer falta marcada é motivo para um grupo de jogadores cercarem o juiz;

Pênalti demora uma eternidade para ser cobrado porque parece obrigatório que os jogadores reclamem em conjunto;

E tudo acontece com a complacência da imprensa, que tem o desserviço de afirmar que o jogador “valorizou a falta” ao simular;

No futebol europeu é diferente não porque eles sejam mais civilizados, mas porque serão punidos e eles sabem disso;

Reclama-se contra o campo sintético quando o maior problema é qualidade dos gramados;

A qualidade do jogador brasileiro caiu muito e seria urgente rever o trabalho e os conceitos que estão sendo aplicados na base;

E essa era a nossa única vantagem que tínhamos frente aos europeus, porque taticamente sempre fomos (e continuamos sendo) atrasados, com poucas exceções.

                               LEIA: Juninho Pernambucano comenta sobre jogadores simularem faltas.

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Montagem publicada pelo jornal DCM

Assistir a uma partida do futebol inglês é uma fonte de prazer; a do futebol brasileiro é uma tortura.

Porém, o mais espantoso é ver que tanto clubes, como empresas, como a Confederação (que deveria prezar pelo que é sua fonte principal de receita), se omitem, recusando-se a ver como o produto entregue ao público está sendo de má qualidade.  

E nele estão aplicando cada vez mais dinheiro.

Sem notar que, quem gosta realmente desse esporte, está se afastando daquele que, há não muito tempo, era o melhor do mundo.

OBS: E para esses treinadores que vivem dando espetáculos deprimentes à beira do campo, recomendo conhecer a história de Telê Santana, aquele que ensinava a seus atletas marcarem sem cometer falta, a não simularem, a acertar passes e a se comportarem quando mais jovens, sendo até hoje reconhecido pelos europeus como o único técnico brasileiro de primeiro nível.

Nosso futebol será outro no dia em que entenderem isso.

*É Editor-Chefe de VALOR CULTURAL/Marketing Cultural, que têm entre seus propósitos dar visibilidade a bons projetos ou ações, valorizar empresas que praticam patrocínios conscientes e apontar aquelas que fingem ser o que não são no campo da Responsabilidade Social.

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