Em 2022 a Confederação Brasileira de Futebol teve faturamento recorde de R$ 1,1 bilhão, com lucro também recorde de R$ 143 milhões. Previu investimento de R$ 793 milhões diretamente no futebol (números de 2023 ainda não estão consolidados).
Com a chegada das SAFs (Sociedade Anônima do Futebol), as aplicações feitas por empresas nos clubes em forma de patrocínio, e o fechamento de acordos por dois grupos separados para transmissão das partidas por TV aberta, fechada e pay-per-view, o volume de recurso está atingindo cifras há pouco inimagináveis.
Por isso fica difícil entender como clubes e empresas brasileiras não conseguem enxergar que o apreço pela qualidade do produto (regra crucial para qualquer mercado) é a única maneira para garantir sua sobrevivência de forma saudável.
E está acontecendo que, quanto mais dinheiro é investido, pior é a qualidade do produto apresentado.
Está insuportável assistir a alguma partida do futebol brasileiro porque:
► O jogo é interrompido a todo momento por faltas;
► A maioria das faltas marcadas é por simulação;
► Como se fossem os mais subnutridos do Planeta, jogadores caem com simples esbarrão;
► Os árbitros são coniventes com esse comportamento para “não se comprometerem”. E como os atletas sabem disso, continuam se jogando;
► Quando sofrem faltas reais, reagem como se tivessem levado um tiro;
► Treinador dá chilique na beira do campo por qualquer erro banal dos juízes, mas incentivam seus jogadores quando perdem pênalti, fazem gol contra ou tomam “frango”.
► Treinador pressiona o árbitro, jogador pressiona o árbitro, diretor pressiona o árbitro e querem que ele não erre;
► Qualquer falta marcada é motivo para um grupo de jogadores cercarem o juiz;
► Pênalti demora uma eternidade para ser cobrado porque parece obrigatório que os jogadores reclamem em conjunto;
► E tudo acontece com a complacência da imprensa, que tem o desserviço de afirmar que o jogador “valorizou a falta” ao simular;
► No futebol europeu é diferente não porque eles sejam mais civilizados, mas porque serão punidos e eles sabem disso;
► Reclama-se contra o campo sintético quando o maior problema é qualidade dos gramados;
► A qualidade do jogador brasileiro caiu muito e seria urgente rever o trabalho e os conceitos que estão sendo aplicados na base;
► E essa era a nossa única vantagem que tínhamos frente aos europeus, porque taticamente sempre fomos (e continuamos sendo) atrasados, com poucas exceções.
LEIA: Juninho Pernambucano comenta sobre jogadores simularem faltas.

Assistir a uma partida do futebol inglês é uma fonte de prazer; a do futebol brasileiro é uma tortura.
Porém, o mais espantoso é ver que tanto clubes, como empresas, como a Confederação (que deveria prezar pelo que é sua fonte principal de receita), se omitem, recusando-se a ver como o produto entregue ao público está sendo de má qualidade.
E nele estão aplicando cada vez mais dinheiro.
Sem notar que, quem gosta realmente desse esporte, está se afastando daquele que, há não muito tempo, era o melhor do mundo.
OBS: E para esses treinadores que vivem dando espetáculos deprimentes à beira do campo, recomendo conhecer a história de Telê Santana, aquele que ensinava a seus atletas marcarem sem cometer falta, a não simularem, a acertar passes e a se comportarem quando mais jovens, sendo até hoje reconhecido pelos europeus como o único técnico brasileiro de primeiro nível.
Nosso futebol será outro no dia em que entenderem isso.
*É Editor-Chefe de VALOR CULTURAL/Marketing Cultural, que têm entre seus propósitos dar visibilidade a bons projetos ou ações, valorizar empresas que praticam patrocínios conscientes e apontar aquelas que fingem ser o que não são no campo da Responsabilidade Social.
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