Cinemateca Anuncia Deliciosa Viagem no Tempo Pelos Periódicos de Cinema

No dia 25 de agosto de 1960 estreava no Brasil o filme Psicose, do diretor Alfred Hitchcock, um dos grandes clássicos do cinema no estilo Suspense, ou, para muitos, de Terror, sensação gerada pelo brutal assassinato da personagem interpretada por Janet Leigh enquanto tomava um singelo banho de chuveiro.

Para divulgar o lançamento dessa película, que já era um estrondoso sucesso desde sua primeira exibição em 16 de junho de 1960 nos Estados Unidos, foram publicados em jornais brasileiros anúncios que, entre outras citações, alertavam o seguinte:

“O gerente do cinema que exibe PSICOSE recebeu instruções, sob risco de sua própria vida, para não permitir a entrada de qualquer pessoa após o início do filme. Qualquer tentativa espúria de entrar por portas laterais, saídas de emergência ou pelos tubos de ventilação, será barrada à força”.

Esse é apenas um dos detalhes saborosos que estão à disposição do público no Banco de Conteúdos Culturais (BBC) da Cinemateca por meio de uma coleção de folhetos de cinemas antigos composta por registros históricos das salas de exibição de rua e da cinematografia brasileira.

Programa Serrador

Foram recuperados, digitalizados e catalogados 1.500 documentos, e 55 edições de periódicos nacionais de cinema envolvendo convites de inauguração e panfletos promocionais, datando de 1909 até o final da década de 1970, de diferentes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Diamantina (MG) e Porto Alegre.

Digitalização realizada pelo Centro de Documentação e Pesquisa da Cinemateca Brasileira

Há materiais de salas que foram referência no circuito exibidor, como o Cine Metro, que funcionou de 1938 a 1997 na Cinelândia Paulistana; o Cine Nikkatsu, um dos principais cinemas dedicados a filmes japoneses no bairro da Liberdade, em São Paulo; e folhetos da Salas do Grupo Severiano Ribeiro (Atlântida Cinematográfica) que tiveram por décadas expressiva atuação em todo o país.

Foram ainda processados para acesso público importantes periódicos de cinema – Fan Magazine (1938-1939); O Exibidor (1957-1966); Foco (1951); Biblioteca Film (1925-1926); O Filme (1933); Frou-Frou (1923-1924); e Boletim do Sindicato dos Técnicos de Cinema (1939).

A ação faz parte do Programa de Digitalização e Difusão de Coleções Bibliográficas, com recursos do ProAC Editais (27/2022), por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo.

Esses materiais se juntam a outros 97 mil conteúdos do acervo da Cinemateca Brasileira que estão digitalizados e disponíveis gratuitamente no Banco de Conteúdos Culturais. 

Além de permitir a disponibilização pública desses materiais documentais, o projeto possibilitou à Cinemateca Brasileira expressiva atualização técnica do parque de digitalização, que permitirá nos próximos anos a continuidade da ação sobre outras importantes coleções do acervo que são fontes singulares para a conhecimento da história de nosso audiovisual.

Criado em 2009, o BCC é uma iniciativa da Cinemateca Brasileira e da Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC) sobre o audiovisual com o objetivo de democratizar e ampliar o acesso do público ao acervo da instituição.

Além de documentos, na plataforma online, é possível ver fotografias, revistas e cartazes, e assistir a filmes e telenovelas.

QUEM É – A Cinemateca Brasileira foi inaugurada em 1949 como Filmoteca do Museu de Arte Moderna de São Paulo, tornando-se Cinemateca Brasileira em 1956.  Sua missão é preservar obras audiovisuais brasileiras e a difusão da cultura cinematográfica. Desde 2022, a instituição é gerida pela Sociedade Amigos da Cinemateca, entidade criada em 1962, e que recentemente foi qualificada como Organização Social.

Possui mais de 40 mil títulos e um vasto acervo documental (textuais, fotográficos e iconográficos) sobre a produção, difusão, exibição, crítica e preservação cinematográfica, além de um patrimônio informacional online dos 120 anos da produção nacional. Alguns recortes de suas coleções, como a Vera Cruz, a Atlântida, obras do período silencioso, além do acervo jornalístico e de telenovelas da TV Tupi de São Paulo, estão disponíveis no Banco de Conteúdos Culturais para acesso público.

Seriamente ameaçada de extinção poucos anos atrás, revitalizou-se por meio de patrocínios como este via ProAc e investimentos feitos por empresas com utilização da lei federal de incentivo (Rouanet).

Entre os maiores patrocinadores estiveram a Vale, Shell e Grupo Itaú, que apoiaram ações como Nitratos da Cinemateca Brasileira, que previu a conservação e catalogação do acervo de 3.000 rolos referentes a 1.800 materiais fílmicos, e Cinemateca Brasil – Preservação de Acervo Audiovisual e Atualização Tecnológica.

Para a primeira ação a Vale depositou no dia 5/4/2022 a quantia de R$ 13 milhões, e a Shell, em 05/09/2022, outros R$ 4 milhões que auxiliaram na captação total de R$ 17 milhões.

Para a segunda a Shell contribuiu com R$ 2 milhões e o Grupo Itaú com R$ 1,5 milhão. No total foi captado R$ 4 milhões.

SERVIÇO

Todas as imagens são do Acervo Cinemateca Brasileira – BCC

Shopping cart close
Pular para o conteúdo