Conheça Outros Nove Patrocinadores Culturais Que Chegaram em 2025 (Parte II)

Eduardo Martins*

Qualquer proponente cultural, qualquer captador de recurso necessita ampliar horizontes em busca de patrocínio para seus projetos. Como foi mostrado na matéria Por Que Não se Deve Celebrar o Recorde de 5 Mil Patrocinadores Culturais?, as 19 empresas estreantes em patrocínio por nós apontadas representam, entre aquelas que aplicaram pelo menos R$ 100 mil, quase nada perto do volume de companhias que têm os atributos necessários para incentivar cultura sem custo adicional.

A segunda parte dessa série mostra outras nove empresas que utilizaram a lei Rouanet pela primeira vez. Nela estão companhias campeãs em produção de ovos, laboratório, estaleiro, concessionária de rodovia, engenharia e até associação sem fim lucrativo.

No final desse texto estão os links para a Parte I, com 10 empresas estreantes, e o texto base citado no primeiro parágrafo.

As nove empresas que compõem o grupo de 19 que patrocinaram cultura pela primeira vez em 2025 estão abaixo:

DB DIAGNÓSTICOS

Sede: São Cristóvão (RJ)

Atividade: Laboratório clínico.

Projetos apoiados: 2

Valor aplicado: R$ 370 mil.

Escolha: O perfil de projetos de interesse ficou claro com as duas escolhas feitas pela empresa. Uma foi o chamado Transformando o Planeta, que propôs a realização de espetáculos musicais utilizando instrumentos confeccionados com sucata e materiais recicláveis. Foi uma proposta da Orquestra de Sucata, que captou R$ 500 mil, sendo R$ 142 mil da DB.

Outra escolha foi Música e Sustentabilidade nas Comunidades, também da Orquestra de Sucata, espetáculos musicais utilizando instrumentos confeccionados com sucata e materiais recicláveis. A DB destinou R$ 228 mil para essa ação que captou R$ 303 mil.

Criou, portanto, afinidade com proponente para essa primeira experiência com lei de incentivo.

GRANJA FARIA

Sede: Lauro Müller (SC)

Atividade: Avicultura

Projetos apoiados: 5

Valor aplicado: R$ 559 mil.

Escolha: Para entender o tamanho dessa empresa é preciso saber duas coisas: primeiro, ela se estruturou sob a marca Global Eggs, que abrange as companhias no Brasil, Espanha e Estados Unidos. Segundo, como Grupo Granja Faria se intitula a maior produtora de ovos do Brasil, com várias subsidiárias, e exporta para 17 países.

Dito isso, entre tantas granjas que já investem em projetos culturais há muito tempo, só nesse ano ela se dispôs a impulsionar ações dessa linha utilizando lei federal de incentivo.

Para isso fez uso das marcas Granja Faria e Aviário Santo Antônio.

Pela Granja Faria patrocinou a 9ª e a 10ª edição do Taste São Paulo Festival, de música instrumental e regional brasileira em diversos shows musicais, além da gastronomia em geral. Investiu nelas R$ 368 mil.

Via Granja Santo Antônio deu outra contribuição para o Festival (R$ 79 mil), mas também com verbas pequenas patrocinou a Oktoberfest de São Paulo (R$ 82 mil) e o Estante Cultural, que tem como finalidade contribuir para a reestruturação do acervo literário de escolas de cidades de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul (R$ 28 mil).

Foi um começo, mas tem potencial para ser mais protagonista em ações culturais ou socioculturais.

ESTALEIRO SCHAEFER  

Sede: Florianópolis (SC)

Atividade: Estaleiro para iates.

Projetos apoiados: 1

Valor aplicado: R$ 147 mil.

Escolha: Essa empresa brasileira, que afirma ser o maior estaleiro de iates do Brasil e já ter entregue 4.000 embarcações ao redor do mundo, deu um primeiro passo, embora não muito grande, no incentivo a projeto cultural quando atendeu ao proponente Augusto de Oliveira Xavier, que lhe apresentou a ideia de produção de um documentário de média-metragem sobre a história da náutica no Brasil, com foco inicial em Santa Catarina, chamada Navega Brasil – Santa Catarina.

Como a proposta tinha tudo a ver com seu modelo de negócio e região onde fica, resolveu apoiar com R$ 147 mil e foi tudo o que o proponente recebeu para realizar o projeto.

COPACOL

Sede: Cafelândia (PR)

Atividade: Cooperativa agroindustrial.

Projetos apoiados: 2

Valor aplicado: R$ 137 mil.

Escolha: A Cooperativa Agroindustrial Consolata é uma das maiores do Brasil e nesse ano resolveu iniciar seu envolvimento com cultura dando força para duas propostas ligadas à área de Humanidades.

A primeira escolha tem um nome interessante: Nenhum Beijinho à Força e Nenhum Carinho à Força, que já está na 2ª edição. É a versão brasileira para a obra da autora alemã Marion Mebes e da ilustradora Lydia Sandrock.

A proponente, Coisas da Vida Ensino, Arte e Cultura, que já tem um longo histórico de sucesso em captação, conseguiu R$ 381 mil, sendo R$ 53 mil da Copacol.

Outra contribuição, desta vez de R$ 83 mil, foi para Produção de Contos: Releitura de Clássicos da Dramaturgia e Literatura, apresentado pela Ave Lola e as Meninas Produções

CONCESSIONÁRIA RODOVIAS DO LESTE   

Sede: Chapadão do Sul (MS)

Atividade: Concessionária de rodovia no Mato Grosso do Sul.

Projetos apoiados: 1

Valor aplicado: R$ 118 mil.

Escolha: Essa companhia, criada em 2022, faz parte do Grupo Way Brasil, consórcio formado por empresas brasileiras com forte atuação em construção pesada, concessões rodoviárias e gestão de ativos logísticos e imobiliários. Não é coisa pequena.

Mas pequeno foi seu primeiro investimento em cultura utilizando a lei federal de Incentivo. Seus modestos R$ 183 mil ( pelo tamanho do Grupo), foram aplicados no projeto Caravana Cultural – Cultura e Arte na Estrada, formado por um conjunto de atividades envolvendo música, dança e o teatro em escolas e centros culturais com a temática segurança e prevenção de acidentes no trânsito. Tudo a ver com a empresa.

Mas, embora tenha sido autorizado pelo MinC a captar até R$ 570 mil, o proponente Evandro Junior Ferreira da Silva só conseguiu essa verba depositada pela Concessionária.

MOVESA MOTORES 

Sede: Salvador (BA)

Atividade: Concessionária da Scania.

Projetos apoiados: 2

Valor aplicado: R$ 116 mil.

Escolha: Essa concessionária, fundada em 1972 em Salvador (BA), mas atuante também em Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba, utilizou sua matriz para impulsionar dois projetos: o Programa Cultural do Centro Educacional Santo Antônio – CESA, que prevê a execução de um conjunto de ações culturais, com o objetivo de fomentar e viabilizar o acesso à arte e à cultura para discentes e docentes do CESA, das Obras Sociais Irmã Dulce. Essa ação teve apoio da Movesa com R$ 95 mil, proposto pela Associação Obras Sociais da Irmã Dulce.

Outra escolha foi Pintando Histórias: Arte, Música e Exposição na FCV, que é a Fundação Cristiano Varella. Projeto visa promover oficinas voltadas à contação de histórias, incentivo à leitura e pintura, para pacientes em tratamento no Hospital do Câncer de Muriaé, administrado pela Fundação. Foram captados R$ 541 mil e a Movesa contribuiu com R$ 21 mil, mesmo em região longe de seu universo.

CEL ENGENHARIA

Sede: Goiânia (GO)

Atividade: Engenharia elétrica e infraestrutura

Projetos apoiados: 1

Valor aplicado: R$ 104 mil.

Escolha: Essa companhia, que tem sede em Goiânia, mas atua também em Brasília e Anápolis (GO), resolveu dar uma força para o Festival Guardiões da Arte, na cidade de Pirenópolis (GO), uma sequência de apresentações musicais com foco na música regional goiana. O projeto também inclui políticas de contrapartida com foco na formação musical em ambiente escolar.

Essa primeira contribuição com lei federal de incentivo beneficiou o Instituto Guardia do Ser, e foi a única verba que ele recebeu.

THOLZ BRASIL (BMT)

Sede: Campo Bom (RS)

Atividade: Automação industrial.

Projetos apoiados: 3

Valor aplicado: R$ 103 mil.

Escolha: Essa empresa 100% brasileira, que afirma ser líder no mercado de piscina, resolveu mergulhar um pouco no universo cultural seguindo a tradição de quase toda companhia do interior gaúcho – patrocinar projetos da região.

O dinheiro aplicado não foi muito para cada um, mas três projetos com segmentos diferentes receberam verba. (As aplicações foram feitas utilizando a Razão Social da companhia: BMT Indústria e Comércio de Máquinas e Equipamentos Eletro- Eletrônicos).

Um foi o Livro Marciano Schmitz, sobre a trajetória do artista gaúcho Marciano Schmitz. Simples Assim Projetos e Produções Culturais recebeu R$ 41 mil da empresa e foi só o que recebeu.

6° Seivo da Arte e da Cultura, festival de dança, música e declamação, recebeu um pouquinho mais: R$ 50 mil.

O Café da Colônia recebeu bem menos: R$ 18 mil. Sua realização na cidade de Morro Reuter (RS) almejou a valorização da identidade, da memória, da cultura e da história relacionada às origens do café colonial. Proponente foi a Associação com o nome do município.

Com um pouquinho aqui e um pouquinho ali, captou no total R$ 35 mil.

ASSOCIAÇÃO PRÓ ESPORTE E CULTURA

Sede: Ribeirão Preto (SP)

Atividade: Associação de direito privado.

Projetos apoiados: 1

Valor aplicado: R$ 103 mil.

Escolha: Esse é um caso interessante. É a primeira associação sem fins lucrativos que faz parte da lista e, além disso, também aplicou em causa própria já que endereçou R$ 103 mil para o seu plano anual denominado Bom de Nota, Bom de Dança.

E parece que a Associação tem prestígio porque, no total, arrecadou R$ 1 milhão das empresas Branco Peres Açúcar e Álcool (R$ 440 mil); Caldema Equipamentos Industriais (R$ 108 mil); e Maringá S/A – Cimento e Ferro Liga (R$ 381 mil).

*É Editor-Chefe de VALOR CULTURAL/Marketing Cultural, que têm entre seus propósitos dar visibilidade a bons projetos ou ações, valorizar empresas que praticam patrocínios conscientes e apontar aquelas que fingem ser o que não são no campo da Responsabilidade Social.

LEIA TAMBÉM

Por Que Não se Deve Celebrar o Recorde de 5 Mil Patrocinadores Culturais?

Conheça 19 Empresas Que Começaram a Usar Lei Rouanet em 2025 (Parte I)

 

 

Shopping cart close
Pular para o conteúdo