Inhotim Sana Problemas, Mas Precisa Melhorar a Transparência

Efeitos da Lava-Jato, atuação da Polícia Federal junto a alguns patrocinadores e a consequente maior fiscalização, pelo MinC, das contas de projetos que captaram utilizando leis federais de incentivo, estão levando as empresas a melhorarem (ou implantarem) seu sistema de compliance – conjunto de disciplinas para prevenir desvio ou inconformidade que possa ocorrer no cumprimento a normas legais ou regulamentares – que também está sendo aplicado para avaliar os proponentes que buscam patrocínio.

Algumas estão se mexendo agora e outras já tomaram cuidados há algum tempo, como é o caso do Instituto Inhotim. Seu Diretor Executivo, Antonio Grassi, está comemorando a marca de 3 milhões de visitantes desde a inauguração em 2006, e ao mesmo tempo celebra que há vários anos tem tido suas contas aprovadas sem ressalvas pelo Ministério da Cultura.

Depois de enfrentar alguns questionamentos sobre seu relatório financeiro, o Instituto contratou a empresa SmartGov para a elaboração e implementação de um Programa de Integridade Corporativa e Compliance, a fim de garantir padrões de gestão e processos eficientes. Entre as ações planejadas estão a criação de um Comitê de Ética, a elaboração de um Código de Ética e Conduta e a assinatura do “Pacto Empresarial pela Integridade e Contra a Corrupção”. Informação divulgada por sua assessoria afirma que anualmente todas as contas do Inhotim são submetidas a um processo de auditoria e prestação junto à empresa britânica Ernst & Young e também Ministério da Cultura. Foi a contratação dessa empresa, em 2012, para fazer a auditoria do Inhotim, que permitiu a aprovação das contas sem ressalvas desde então.

TRANSPARÊNCIA – Embora tenha investido em programas e empresa de auditoria para melhorar sua gestão, o Inhotim peca pela falta de transparência ao não divulgar números como os abaixo. A razão do sucesso do Instituto está diretamente ligada ao aporte que companhias lhe dão, todos os anos, com utilização de lei federal de incentivo, principalmente. Em seu website somente há pedido de apoio, mas não informa quem apoia, com quanto apoia e como o dinheiro é utilizado, pois o balanço financeiro não está publicado. Mais grave: não esclarece que a razão principal de sua subsistência vem da renúncia fiscal oferecida pelo Tesouro Nacional via lei Rouanet. Nem o selo obrigatório indicando o benefício está publicado.

Só com utilização desse mecanismo o Instituto Inhotim já captou R$ 80 milhões, sendo R$ 16 milhões em 2017. Sua lista de patrocinadores bateu no número 400 naquele ano, sendo 23 Pessoas Jurídicas e 377 Pessoas Físicas. Estas injetaram valores que variaram entre R$ 140 e R$ 10 mil, depósito este feito pelo presidente da Construtora Barbosa Mello.

Mas a solidez financeira do Instituto vem das empresas e algumas são colaboradoras generosas como a Minerações Brasileiras Reunidas (MBR), que em 2017 destinou R$ 4 milhões para o Inhotim (ver lista completa logo abaixo). Em geral grandes companhias mineiras prestigiam a entidade como CEMIG, Copasa, Três Corações, CBMM e a própria MBR. Mas Pirelli, Itaú, Telefônica Data, Light, Furnas, entre outras, também participam da manutenção do Instituto.

 

O Instituto Inhotim representou importante guinada econômica para o município de Brumadinho

 

O QUE É – Museu de Arte Contemporânea e Jardim Botânico, o Instituto Inhotim apresenta ao público uma coleção artística de relevância internacional, exibindo de forma permanente obras de renomados artistas brasileiros e estrangeiros. Ao integrar arte, botânica, paisagismo, arquitetura e educação, o Inhotim busca uma experiência singular ao visitante, diversa de outras instituições museológicas convencionais.

Nos 140 hectares de visitação, o visitante encontra 23 grandes galerias – 19 permanentes e quatro temporárias – e outras 23 obras de grande escala distribuídas em uma bela paisagem. No campo botânico, o público pode conhecer espécies de todos os continentes, que integram uma coleção de cerca de 4,5 mil plantas – algumas delas raras e ameaçadas de extinção. Os acervos artístico e botânico são amplamente utilizados em projetos socioeducativos e ambientais do Inhotim que visam à promoção do desenvolvimento humano e à conservação da biodiversidade.

Os dados a seguir foram divulgados pela assessoria do Instituto. Em 2017 o Museu recebeu 345.829 visitantes, crescimento de 7,5% na comparação com 2016, que fechou com 321.724. Em julho do ano passado o Inhotim bateu recorde histórico de visitação mensal, com mais de 63 mil pessoas, e recorde diário de 13.500 na quarta-feira gratuita.

Segundo pesquisa da Vox Populi, 57% dos visitantes são provenientes de Minas Gerais; 30%, de outros estados; e 13% de outros países — a porcentagem de estrangeiros chegou a 20% durante a Copa do Mundo e as Olimpíadas no Brasil.

O Instituto Inhotim representou importante guinada econômica para Brumadinho, provocando aumento no setor turístico e hoteleiro e representa uma nova perspectiva para os jovens que têm no Inhotim seu primeiro emprego. Atualmente o Inhotim conta com cerca de 600 funcionários (diretos e indiretos) sendo que, aproximadamente, 90%, são da região.

“Ficamos muito orgulhosos com essa conquista. Três milhões de visitantes é um número bastante significativo quando pensamos que o Inhotim não tem um metrô na porta e não está localizado em um grande centro”, celebra Antonio Grassi.

O município de Brumadinho dista 57 km de Belo Horizonte. (EM)

SERVIÇO

Instituto Inhotim. Rua B, 20 – Brumadinho/MG. Fone: (31) 3571-9700/(31) 3194-7300. Web: www.inhotim.org.br. Facebook.com/inhotim. Instagram.com/inhotim/

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