“As pessoas precisam parar de achar que quem vive em favela é “coitadinho”. Queremos mostrar que aqui dentro é possível ganhar e crescer. Não estamos em situação de ficar refém de ninguém; nem da polícia, nem de bandido, nem de político”.
O pensamento é de Gilson Rodrigues, 35 anos, presidente da União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis e do Fundo Social Comunidades, e um dos principais entusiastas do bloco G10 das Favelas. De acordo com ele, a iniciativa deseja inspirar o Brasil inteiro a olhar para a favela de uma maneira diferente.
Entre os sonhos de Rodrigues está o de construir um banco comunitário com juros mais baixos para os moradores e dar acesso a maquininhas (de crédito e débito), conta corrente e cartão de crédito para os comerciantes locais.
A iniciativa tem na lista de participantes as comunidades da Rocinha (RJ), Rio das Pedras (RJ), Heliópolis (SP), Paraisópolis (SP), Cidade de Deus (AM), Baixadas da Condor (PA), Baixadas da Estrada Nova Jurunas (PA), Casa Amarela (PE), Coroadinho (MA) e Sol Nascente (DF).
Na data serão apresentados 16 projetos selecionados pelo Investe Favela, fundo criado a partir do investimento de empresários e gerenciado por líderes comunitários do Complexo do Alemão e de Paraisópolis, voltado a financiar startups de comunidades de todo o país. No mesmo evento, mais empreendedores das comunidades do G-10 poderão candidatar seus projetos de startups a financiamentos.
Outro objetivo é organizar missões para levar lideranças das favelas para participar do Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), no próximo ano. Gilson Rodrigues afirma que o G10 está articulando uma agenda de reuniões com governadores de Estado, Senadores e o presidente da República. Além de Davos, intenção é também levar um grupo de líderes na reunião do G7 (das sete maiores potência econômicas do mundo) em 2020.
OUTRAS LIDERANÇAS – Para Reginaldo Lima, empreendedor e liderança do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, o evento traz em sua célula central a importância de unir potências. “Reuniremos as 10 maiores economias de favelas do País. Tenho certeza que essa iniciativa representará uma ruptura no pensamento preconceituoso de que não há poder econômico em uma comunidade, diferente do oriundo do submundo da violência”, afirma.
De acordo com Cleide Alves, líder da comunidade paulistana Heliópolis, diante do crescimento do desemprego e falta de oportunidades, o G10 surge como um impulsionador na busca de investimentos e políticas públicas para o desenvolvimento local.
Já para William de Oliveira, mediador, ativista e empreendedor cultural da Rocinha (RJ), esse evento cria uma provocação para mostrar às pessoas que as favelas, independentemente de suas dificuldades, possuem pessoas que também têm talento para o empreendedorismo. “Aqui existe quem tenha potencial para deixar de ser empregado e ser empregador pelo talento que têm. Então, acho que o propósito, a proposta e a ideia deste evento é provocar estas pessoas a colocarem seu talento em prática e a aprender a empreender, mobilizar as favelas e mostrar o fortalecer o potencial que elas têm”.
SERVIÇO
G10 das Favelas
Rua Itamotinga, 41, Paraisópolis, São Paulo
Mais informações: canaltransformadores.com.br