Empresa de Banco de Dados Adota Cultura Por Impacto Positivo

Eduardo Martins*

Nesses tempos em que a maioria das empresas deixou de lado Políticas de Patrocínio, trocadas por Relatórios de Sustentabilidade que se mostram aderentes a duas letras da agenda ASG, relegando o S a um terceiro plano onde cultura muitas vezes nem é citada, revelaremos aqui o pensamento de uma companhia que a adotou como estratégia para gerar impacto positivo na vida das pessoas, já que esse é seu propósito.

O que a Boa Vista Serviços está fazendo ao patrocinar peças de teatro e outras ações de apoio a grupos minoritários nada tem de novo, nada tem de diferente daquelas que utilizam leis de incentivo para apoiar projetos culturais. Seus méritos são outros.

E o principal deles é que isso faz parte de uma política articulada e sem medo de ser revelada, pois esse conceito simples, e básico, sumiu da mente de grande parte dos executivos que deveriam observar que defender meio ambiente é muito bom, aprimorar a governança é essencial, mas que o Brasil tem uma extensa dívida com a sociedade, maior e mais urgente do que qualquer outra, da qual empresas também são devedoras, e que a cultura e ações socioculturais também deveriam ser instrumentos de resgate desse imenso legado que a indiferença deixou.

Porém, embora o volume não represente cifra superior a 1% do lucro líquido da maioria, elas aliviam a consciência destinando cerca de R$ 3,5 bilhões anualmente em doações (dados do GIFE) envolvendo setores como educação, saúde, meio ambiente, crianças e adolescentes, mas, quando se trata de cultura, como já revelamos, as 100 maiores utilizam a lei Rouanet para direcionar 2/3 dos benefícios para entidades sem fins lucrativos, deixando o terço restante para iniciativas culturais para as quais nem se dão ao trabalho de prestar contas sobre o dinheiro público utilizado.

O DINHEIRO DA CULTURA E A ÓTICA DA SUSTENTABILIDADE

Por isso endosso a importância dessa entrevista com Helen Menezes (cuja nomenclatura do cargo, Diretora da Área de People, mostra a dificuldade comum que o setor de marketing tem de se desapegar de anglicismos), pois ela revela, de peito aberto,o que a empresa atrelou a cultura e cidadania à sua Missão, ao seu Propósito e que, sim, utiliza também leis de incentivo para isso e não tem receio de revelar, diferentemente da omissão que se abateu recentemente sobre seus maiores usuários.

Outro ponto interessante é o perfil dessa empresa. Publicamos recentemente matéria com representante de uma agência de propaganda, de aceleradora de projetos corporativos, segmento que historicamente pouco se importa com qualquer coisa que não seja o próprio negócio, e que se mostrou envolvida com iniciativas estruturantes que beneficiam setores desamparados pela sociedade (ver link abaixo).

ATENÇÃO AGÊNCIAS. PRESTEM ATENÇÃO NESSE PROJETO

Para quem não sabe, a Boa Vista foi criada há mais de 60 anos como SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) e é precursora do Cadastro Positivo, banco de dados com informações sobre o histórico de pagamentos – o que ela faz é usar inteligência analítica para transformá-los em respostas e soluções às necessidades e desejos dos consumidores e empresas.

Empresa 100% brasileira, tendo como acionista majoritária a Associação Comercial do Estado de São Paulo, em 2020 decidiu abrir capital para acelerar seu crescimento e no final de setembro captou R$ 2,7 bilhões, sendo R$ 1,3 bilhão destinado somente para aquisições. Uma delas foi a Acordo Certo, plataforma online de negociação de dívidas.

“As grandes empresas de cobrança sempre perseguiram o endividado com uma abordagem truculenta e até com ameaças. A gente entendeu que isso trouxe um impacto social gigante e quis criar uma abordagem 100% digital, que possa estender a mão a esse endividado”, contou Dilson Sá, CEO da startup criada em 2016, em entrevista à CNN Brasil Business.

IMPACTO SOCIAL – Fiz questão de acrescentar essas informações para demonstrar que a Boa Vista transita num nicho de negócio árido, pouco afeito a olhares estendidos além de seu universo de atuação, mas que no caso dela houve uma percepção diferente.

Helen: por desejo de impactar, empresa pegou carona na pauta da cultura.

“Se a gente está aqui com esse propósito de impactar a vida das pessoas, como é que a gente vai convidar, através de ações, através de práticas, não só para nossos colaboradores, mas também para fora, para que as pessoas conheçam esse nosso grande propósito, essa nossa grande missão. Então foi por aí que a gente começou a desenhar nossa estratégia e essa estratégia culminou numa agenda muito maior e ela é um processo, acima de tudo educativo, que começa dentro de casa”.

E essa agenda citada por Helen Menezes fica mais clara quando se observa as aplicações feitas pela companhia nos últimos anos, com foco em teatro quando se usa lei de incentivo. Em 2020 ela destinou verba apenas para uma peça: Jardim de Inverno, baseada no livro Revolutionary Road de Richard Yates, com adaptação de Fabrício Pietro e direção de Marco Antônio Pâmio. Proponente foi Versa Serviços Artísticos e Culturais, que captou R$ 566 mil unicamente da Boa Vista.

Em 2021 patrocínio majoritário foi para três peças:

Fricções, para montagem, temporada e circulação desse espetáculo de teatro adulto com dramaturgia a partir de textos que contam a história e trajetória do Homo Sapiens no planeta Terra e proposto por Sevenx Produções Artíticas, que captou no total R$ 999 mil, sendo R$ 600 mil da Boa Vista.

A temporada de viagens (itinerância) do espetáculo A Golondrina, apresentada por Diaferia Produções, que captou R$ 985 mil, sendo R$ 335 mil da empresa.

E A Vela, espetáculo teatral inédito, realista, do autor Raphael Gama, que relata um drama vivido entre pai e filho. Essa peça foi toda bancada pela Boa Vista, com R$ 500 mil, endereçada ao proponente Leandro Luna Panageiro.

Durante a entrevista, Helen citou que a empresa estava pensando em apoiar também um musical. Logo depois foi anunciado o apoio de R$ 1,3 milhão para Marrom, montagem e temporadas da peça que retratará a vida e obra de uma das maiores cantoras brasileiras – Alcione, a Marrom. Proponente foi Fato-Marketing e Produções.

Mas não é só com peças o interesse da empresa. Helen conta que se está construindo essa estratégia com mais atenção para os grupos de afinidades, que são os grupos minoritários, conectando muitos desses patrocínios através de uma agenda que tenha a ver com o incentivo de gerar impacto na vida de todos.

“Nossa estratégia foi unir o que é o nosso propósito, ao mesmo tempo com a humildade de saber que a gente tem uma jornada pela frente ainda. Então, como é que a gente faz isso? Conectando ações que tenham a ver com a gente, porque não vamos fazer nada desplugado de nossa cultura, desplugado do que é importante pra gente, mas a gente sabe que é o início, e esse início é até interessante porque se todas as demais empresas começarem de algum lugar, a gente, no final, pode gerar algo bem bacana”.

Outros pontos importantes se podem ressaltar dessa entrevista – a Boa Vista está aberta para receber propostas, especialmente nos segmentos de Idoso e Oncologia, para os quais não encontrou projetos adequados, além de outros que estejam afeitos à sua agenda, e conta quais são critérios e contrapartidas que interessam à companhia.

A entrevista abaixo inclui textos, em alguns casos editados, e a íntegra em áudio de cada um dos tópicos abordados.

Também participaram da conversa as Assessoras de Comunicação Liliane Liberato e Janaina Wichmann.

Boa leitura!

Eduardo Martins – Para começar fale um pouco sobre a empresa e seus objetivos.

Helen Menezes – A Boa Vista é uma empresa capaz de trazer soluções sob a ótica de inteligência analítica; a gente fala que é uma empresa de inteligência analítica que usa muito de tecnologia. E acho que durante esse tempo que a gente está no mercado brasileiro, nosso grande propósito é ajudar as companhias, ajudar as empresas para que a gente, no final , possa impactar também a economia brasileira como um todo.

E a gente tem uma trajetória de sucesso desde então. Quando a gente fala dessa trajetória, como companhia, e esse processo evolutivo como um todo, a pauta social, de cultura, de diversidade, foi sendo construída também pra gente. Começou um pouco mais em 2019 e 2020 e em 2021 a gente começou a trabalhar de uma maneira mais estruturada, de forma que a gente pudesse, assim como outras empresas, e o convite para que outras empresas também, possam cuidar e ver o quanto, de certa maneira, quando você trabalha com atenção nas agendas de cultura, etc., você está promovendo algo maior de cidadania para as pessoas como um todo.

Então, por sermos uma empresa de inteligência, uma empresa que quer no final impactar a vida das pessoas, como é que a gente fazia isso foi colocando essa agenda cultural no meio. É dessa forma que começa a nossa trajetória, a nossa história pegando carona nessa pauta.

Ouça

 

EMEstava olhando os investimentos de vocês, que começaram em 2011, e deram um salto muito grande em 2021. O que me interessa é essa questão da estratégia. Como é que vocês chegaram à conclusão de que vocês deveriam investir mais nesse setor, apoiar mais projetos, porque nos últimos vocês apoiavam um, no máximo dois por ano.

Por trás disso deve alguma estratégia – por que nós vamos fazer isso? Então pergunto: por que vocês fizeram isso?

HM – Eu acho que a estratégia passa pelo propósito nosso, que é gerar impacto na vida das pessoas, na organização da economia. Como a gente fez um trabalho de cultura aqui, que foi um processo até de descoberta, como companhia mesmo. Isso aconteceu muito em final de 2020 e 2021, e foi aí que essa intensidade, essa estratégia a que você está se referindo, fez sentido pra gente. Por isso que você vê esse salto.

Porque a gente pensou, pera aí, se a gente está aqui com esse propósito de impactar como é que a gente vai convidar através de ações, através de práticas, não só para nossos colaboradores, mas também pra fora, que as pessoas conheçam esse nosso grande propósito, essa nossa grande missão. Então foi por aí que a gente começou a desenhar nossa estratégia e essa estratégia culminou numa agenda muito maior que a gente sabe que, de certa forma, a gente está num processo; a gente até brinca aqui, a gente está começando, porque é um processo acima de tudo educativo que começa dentro de casa.

Então nossa estratégia foi: unir o que é o nosso propósito com a humildade de saber que a gente tem uma jornada pela frente ainda. Então, como é que fazemos isso? Conectando ações que tenham a ver com a gente, porque a gente não vai fazer nada desplugado de nossa cultura, desplugado do que é importante pra gente, mas a gente sabe que é o início e esse início é até interessante porque se todas as demais empresas começarem de algum lugar, nós podemos, no final, gerar algo bem bacana.

Acho que a gente está construindo essa nossa estratégia com mais atenção para os grupos de afinidades, que são os grupos minoritários, conectando muitos esses nossos patrocínios através de uma agenda que tenha a ver com esse nosso incentivo de gerar esse impacto na vida de todos.

E ainda a gente começa, cada vez mais a nossa estratégia, fazendo isso se tornar verdade, se tornar real, mas a gente sabe que tem um caminho longo pela frente.

Ouça:

 

EM E o que vocês já fizeram e programaram para o segundo semestre?

HM – Algo que nós já fizemos foi a corrida da Olga Kos, que a gente teve mais de 20 mil inscritos, 15 mil pessoas que competiram ali. Isso já aconteceu e gerou essa agenda de patrocínio. O que está acontecendo são algumas peças como A Vela, que a gente também patrocina, A Golondrina, Jardim de Inverno, que começaram a percorrer pelo Estado de São Paulo, começou no Rio de Janeiro algumas delas, está em São Paulo, algumas ficando ainda em uma agenda mais alguns meses.

A gente também colocou na nossa agenda o projeto da Feso. A Feso é uma Associação dedicada para as mulheres, de oito a 24 anos, se não me falha a memória, e com esse projeto a gente já conseguiu atender 125 meninas de 10 a 17 anos, e mais de 10 cursos, que a gente sabe que são cursos que também têm a ver com a Boa Vista; em setembro, além de estar ajudando a Feso, a gente fez um programa de voluntariado com nossos colaboradores para apoiarem palestras, em temas que tenham a ver com informática, com empreendedorismo.

A gente também tem agenda de diversidade. A gente usa o mês de julho para fazer essas agendas de diversidade, que começou em 2021 e esse ano a gente repetiu, que é dentro de casa mas é uma forma de conectar nossos grupos de afinidade que nós temos também na Boa Vista desde o ano passado. E estou falando de grupos de mulheres, de grupos LBTGQIA+, de deficiência, com essas palestras. Então, nesse mês de diversidade, a gente faz uma palestra por semana, onde a gente traz alguém de fora, alguém que é especialista naquele assunto para falar para nossas pessoas.

Estamos explorando bem a possibilidade usar, não apenas esse lugar de educação, através de palestras. A gente trouxe a Karen Hils, a gente trouxe a Natália Santos, mas a gente acaba também fazendo com que essa agenda venha a explorar muito bem as possibilidade das leis de incentivo.  Então essa é a agenda que está colocada em pé, que começou mais tímida no ano passado e nesse ano um pouco mais fortemente.

E nessa a gente já conseguiu fazer um investimento de mais de R$ 3 milhões.

Ouça:

 

EMVamos falar sobre processos. Vi que em princípio vocês usam a lei Rouanet para patrocinar teatro, todas essas peças são com incentivo fiscal federal. Para esses outros como é que vocês fazem escolhas? Quais os critérios que vocês utilizam e como as pessoas podem chegar em vocês?

HM – Você tem razão quando fez o comentário sobre questão do teatro, etc. Quando a gente fala do meio de diversidade a gente está falando de um orçamento interno da companhia; quando eu te comento sobre essas palestras estou utilizando aqui essa verba dentro de casa para a gente promover isso.

Quando a gente fala, por exemplo, de outros incentivos, estamos nos beneficiando também de algumas outras leis; a gente não tem ainda todas elas, mas a gente não tem a lei do Idoso, que a gente tem oportunidade de investir mas que hoje não está porque não encontramos nenhum projeto; a questão da lei de oncologia, que a gente também não tem um projeto dedicado. Eu tô te falando isso porque a gente está aberto a receber, sim, a receber outros projetos porque não estamos trabalhando ainda com construção de projetos; a gente está pegando projetos prontos para trabalhar dentro de casa.

Então, de certa forma, a gente vem tentando conectar de novo o que é a nossa cultura como companhia, vendo se tem similaridade nos projetos que estão disponíveis hoje e aí trazendo para conhecer um pouco mais dentro de casa e se, sim, se beneficiar dessas leis, exceto essas duas que hoje a gente ainda não encontrou nenhum projeto bacana que tivesse essa conexão com o nosso propósito, a nossa Missão como Boa Vista.

EME se alguém tiver um projeto bom, como faz para encaminhar para vocês?

HM – A gente tem aqui conosco a Janaína, ela é do meu time de comunicação, então a gente pede para ter contato com ela, ou com a área dela, e, dentro de casa, com outras áreas um pouco multidisciplinar, a gente pede para fazer uma apresentação pra gente, que projeto é esse, qual é o contexto dele, quais são as principais linhas que está querendo atuar com o projeto e aí a gente vê se tem essa sinergia que te comentei, a proposta e o propósito da Boa Vista.

E, se tiver, a gente coloca, se há uma possibilidade dentro do calendário do ano vigente, se não fica pro ano seguinte. Depois que a gente fez algumas dessas palestras que te comentei de diversidades, esses próprios palestrantes nos perguntaram se a gente queria conhecer alguns projetos que eles estão conectados, e a gente fez esse mesmo processo – conta pra gente um pouco mais, nos coloque em contato com essas pessoas e vamos ver se tem sinergia, se conecta com o propósito da Boa Vista.

Então acho que, ainda de forma bastante proativa, vem dando certo a gente usar esse caminho.

EM E a pessoa que tem um projeto, como ela faz? Tem um e-mail?…

HM – Sim, ela pode usar o caminho nosso, através aqui da nossa área, e aí a gente dá toda as orientações pra ela. Basta enviar um e-mail para isso.

Ouça:

 

Boa Vista busca ser patrocinadora principal das peças que escolhe para apoiar com lei de incentivo

EMDe tudo o que já fizeram, o que já sentiram de retorno? Institucional? O que vocês sentiram de benefício?

HM – Vamos pegar dois exemplos para lhe trazer. Quando a gente fala da Fesus, o retorno que a gente tem, de impactar 125 meninas, é altamente positivo, a gente ter a oportunidade de oferecer a essas 125 meninas mais de 10 cursos para que elas se preparem para o mercado de trabalho, isso já é um retorno que eu posso lhe trazer como bacana.

Quando a gente fala, por exemplo, nessas três peças que já estão acontecendo, a Vela, a Golondrina e o Jardim de Inverno, a gente já tem o impacto de mais de 600 pessoas entre nossos colaboradores e familiares que tiveram a oportunidade de assistir, ou seja, levamos até elas essa discussão, essa reflexão, sobre esses grupos também de diversidade. Então, acho que é mais uma forma que a gente tem aqui de medir se isso está gerando o impacto que a gente gostaria. E quando a gente fala, por exemplo, dessas palestras que estamos fazendo dentro da própria Boa Vista, que é do mês da diversidade, a gente está impactando mais de mil pessoas aqui também e dando possibilidade que essas palestras sejam gravadas para que sejam assistidas com seus familiares.

Então esses são os números que a gente já tem aqui, e que nos deixa feliz de saber que é disso pra mais, mesmo sendo ainda inicial todas essas nossas discussões.

Ouça:

 

EM No caso das peças, quais são as contrapartidas que vocês acertaram com os proponentes? (Neste trecho há participação da assessora Janaina Wichmann)

HM – A gente pode até enviar a gravação de uns vídeos dessas peças, dos próprios participantes do elenco falando, mas a gente tem em toda a abertura o nosso logo, a citação de que a Boa Vista é patrocinadora, a gente tem banners nas entradas dos teatros, que também coloca que nós somos uma empresa que está patrocinando. Depois essa coleta que a gente faz de cada palestra, escutando os atores e colocando também o que a Boa Vista vem fazendo por eles, acho que é mais ou menos isso.Janaina – Tanto o Jardim de Inverno, a Vela e a Golondrina são peças que a Boa Vista Apresenta porque somos os patrocinadores principais dessas três peças. E as contrapartidas têm a ver com ingressos, tem a possibilidade de a gente levar nossos colaboradores, públicos de interesse e as peças estão fazendo temporadas em outros Estados e pra gente isso é superimportante porque a Boa Vista, desde que começou a pandemia, começou a contratar colaboradores em qualquer lugar do País, então pra nós é muito legal porque tem colaborador que quase nunca vai ter um contato direto com a gente e ele vai ter possibilidade de assistir as peças.

As contrapartidas estão muito conectadas com os ingressos e, nessas três peças específicas, somos os patrocinadores principais.

Ouça:

 

EME com o uso da lei federal de incentivo. Vocês vão se concentrar em teatro ou podem adotar outros nichos? Outros tipos de patrocínio?

JW – A gente ainda não fez musical, a gente pretende ainda fazer musical. Alguns dos primeiros patrocínios do Boa Vista foram musicais, Billy Elliot e algumas outras peças. O que a gente tá procurando é fazer peças que tenham uma abrangência diferente – que sejam em teatros, que não sejam só teatros comerciais, a gente tem olhado pra isso. Mas acho que a ideia é olhar outras possibilidades, que a gente consiga prover cultura para as pessoas dentro do que a gente acredita, como propósito da companhia, diversidade, inclusão.

Ouça:

 

EMQuem capta para vocês? Vocês mesmos captam ou existe uma empresa para isso?

JW e HM – Temos uma empresa de captação que se chama Fomentos e a Fomentos está fazendo essa captação e essa busca ativa por projetos que façam sentido para a gente. Ela já está trabalhando com a Boa Vista há uns três anos. A gente faz um briefing dos projetos que a gente acredita, os projetos que serão importantes para a gente passar as mensagens, do nosso propósito, e aí a ela vai atrás desses projetos, ver o que é tem de disponibilidade para que a gente possa fazer o investimento.

EMComo vocês a remuneram? Diretamente ou em cima daquele orçamento que a lei define?

HM – Na verdade o processo deles é feito via as leis – a gente não tem nada de remuneração pra eles. Até pelo fato de eles terem esse processo de captação é através disso que eles são remunerados.

Ouça:

 

EM Agenda ASG. O que vocês têm planejado dentro dessa agenda?

HM – Isso é uma discussão que a gente começa também dentro da Boa Vista. Eu acho que parte dessa nossa agenda de diversidade, essa agenda que a gente contou pra você, conecta já na questão de ASG, mas, sim, queremos falar do que é o S, e isso aqui faz bastante sentido, mas pra ter mais frentes a gente começa um trabalho, até sendo assistido por uma consultoria, pra ver como a Boa Vista está.

Então é nosso interesse sim seguir e conectar cada vez mais a ASG, até por sermos uma empresa pública, e isso é uma pauta importante, mas a gente ainda está dando nossos primeiros passos e acreditamos que tudo o que a gente tem da parte de Social a gente está fazendo, com esse olhar conectando com a pauta maior que é a ASG como um todo.

Ouça:

 

EMOk. Você tem algo que gostaria de acrescentar?

HM – Acho que a gente passou pelas principais ações, que é legal você ter visibilidade, acho que a gente te trouxe um pouquinho da Boa Vista, do olhar que pra gente é uma pauta importante, mas a gente reconhece que ainda estamos dando os primeiros passos, e estamos querendo fazer isso de uma forma bastante segura. Acho que quando a gente cuida disso, tem um alicerce bom, tem possibilidade de ser sustentável. Acho que a gente está cuidando bastante disso e, de certa forma, começando aqui pelas nossas pessoas. Isso é importante, pois através delas a gente vai gerando esse processo de engajamento de educação.

Ouça:

 

*É Editor-Chefe de VALOR CULTURAL/Marketing Cultural e Perfil de Patrocinadores, que têm entre seus propósitos dar visibilidade a bons projetos ou ações, valorizar empresas que praticam patrocínios conscientes e apontar aquelas que fingem ser o que não são no campo da Responsabilidade Social.

CRÉDITO

A imagem na homepage é do espetáculo Marrom, o Musical, tirada pelo fotógrafo Caio Galucci.

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