Em tempos de adoção do anglicismo cada vez maior na língua portuguesa, especialmente a falada no Brasil, cineasta agora virou filmmaker, que nada mais é do que aquele sujeito que faz filmes – longos, médios ou curtos – com a ajuda de uma equipe que envolve produtor, roteirista, fotógrafo, etc. Como sempre foi desde os tempos de Lumière (ou um pouco depois).
O toque novo é derivado do crescimento e diversificação do mercado de produção audiovisual brasileiro, que não envolve mais somente aquela história contada e exibida em salas de cinema. Agora o cineasta, que virou filmmaker, encontrou nichos que têm sido muito rentáveis para vários deles como produzir vídeos para viagens, casamentos e, principalmente, conteúdo para plataformas digitais.
Quem está se dando bem com essa onda é Gabriel Queiroz, que até criou um conceito ao qual deu o nome de “We Go Film”, voltado para recém-casados que sonham passar a lua-de-mel no exterior, principalmente, mas que desistem pelas dificuldades da logística.
Para explorar esse mercado, Gabriel (foto) criou um pacote que unifica agência de viagem, filmagem, logística e consultoria de imagem em uma só solução que resultou no que ele denomina de “We Go Film”. Com isso, segundo o filmmaker, o casal só precisa se preocupar em desfrutar a viagem: “a proposta é diferenciada e inédita; uma solução completa para tornar realidade o sonho do casal. Acompanhamos desde definir um roteiro de viagem, escolher os locais de gravação, os melhores horários, com todo cronograma acertado, até providenciar as passagens aéreas, reservas em hotéis, e a parte de consultoria de imagem e look, de fazer a mala do casal e oferecer a eles tudo como um só serviço”.
Na qualidade de integrante da prateleira de cima entre aqueles que se deram bem com os novos tempos, Gabriel resolveu dividir sua experiência com quem que almeja tornar-se também filmmaker ou melhorar nessa profissão.
Com essa ideia na cabeça, Gabriel Queiroz criou cinco conselhos destinados a quem quiser fazer brotar o cineasta que existe dentro de si.
“Essas dicas são superimportantes tanto para aqueles que têm vontade de se tornar um profissional, quanto para aqueles que já são filmmaker e querem melhorar”.
E o que ele aconselha para ter sucesso é o seguinte:
1 – Equipamentos
Tenha os equipamentos certos. Normalmente as pessoas pensam que para ser um excelente profissional temos que ter todos os últimos equipamentos disponíveis no mercado. Isso ajuda bastante pela qualidade de imagem gerada pelos novos modelos.
Mas o que não podemos esquecer é que quem os opera somos nós; a forma com que vamos utilizá-los faz toda diferença. Se você conseguir o equipamento profissional “médio” já terá a oportunidade de fazer trabalhos de boa qualidade e ir se aprimorando, aprendendo a tirar sempre o máximo daquilo que tem. De nada adianta ter uma câmera supermoderna se não utiliza nem 40% do potencial do equipamento.
Assista diversos reviews no youtube do equipamento antes de comprá-lo. Não compre por impulso, pesquise, compre somente aquilo que tem uma necessidade real.
2 – Planeje suas imagens com um storyboard
Pensar nas imagens é metade do caminho para criar um filme com qualidade. Nem sempre é uma tarefa simples roteirizar as imagens que serão geradas.
No caso de um filmmaker de casamentos e eventos, por exemplo, pode-se pensar que não há como planejar as gravações, fazer um storyboard, uma vez que o conteúdo filmado é totalmente espontâneo, mas é aí que você se engana. Você pode pensar nos takes que gostaria de fazer, nos movimentos e nas lentes que pode usar para gerar o resultado que gostaria, pensar em inúmeras possibilidades e deixar todas anotados à mão.
Pode ser que você não consiga realizar diversas cenas pensadas, mas se durante todo o evento ou gravação você gerar algumas delas já é um ótimo caminho para o resultado final do seu filme.
3 – Seja detalhista
Estar atento a tudo ao seu redor é algo que deve se tornar automático na vida de um filmmaker. Essa percepção por cores, linhas, formas e detalhes fazem um filme comum se tornar um filme rico em imagens.
Ser detalhista também significa você ter diversos planos para poder escolher e ter diversidade na sua pós-produção.
Se movimentar é muito importante durante uma gravação não planejada, como casamentos, festas e eventos sem roteiros. A possibilidade de você filmar uma pessoa de frente e lateral, ou de perto e o mesmo take próximo, traz profissionalismo ao seu filme, mostra planejamento, mesmo que tenha sido algo pensado naquele momento, e não antecipadamente.
4- Seja seu maior crítico
Ser crítico com seu trabalho é um dos pontos principais para sua evolução como profissional.
Assista seus filmes sempre em busca de encontrar erros: perda de foco em momentos onde não deveriam ter, tremidas não propositais, enquadramentos que poderiam ser melhores, etc.
Cobre a si mesmo por uma melhora em todos os pontos do seu workflow, da captação das imagens até sua edição e finalização. Veja se você poderia ter feito algo diferente, se consegue imaginar cenas diferentes das que fez, se poderiam melhorar de alguma forma.
Seja minucioso na sua edição, não se engane com o famoso “ninguém vai perceber”, pois se você sabe já é suficiente.
5 – Referências
A partir desse ponto tudo o que você consome com os olhos são referências. Não se deixe confundir com cópia e inspiração. Plágio é inadmissível para um profissional.
Se inspirar é ver uma cena em um filme e ter uma ideia genial de um movimento de câmera para trazer para sua captação. Assistir clipes, séries, pessoas influentes no seu mercado são ótimos meios de obter referências para o seu trabalho.
Você deve absorver a referência e imprimir sua marca, fazer as coisas do seu jeito. Dessa forma você se tornará uma referência para outros profissionais, sendo um criador de conteúdo e não um filmmaker que está apenas reproduzindo conceitos, movimentos e edição vistas. Seja criativo, absorva, transforme e crie.
SERVIÇO: Crédito das fotos: do item 2 foi retirada do site www.storyboardthat.com. As demais foram fornecidas pelo autor. Esse post foi originalmente publicado em janeiro 2019.