BNDES foca no mercado brasileiro de animação, que já movimenta R$ 4 bilhões

É para prestar atenção. O mercado brasileiro de produções audiovisuais de animação está estimado em R$ 4 bilhões, envolvendo TV paga, cinema, plataformas de streaming, animações embutidas em games e animações para uso corporativo e publicidade.

O levantamento foi feito pelo BNDES, que finalizou a primeira etapa de estudo inédito sobre esse setor, com dados primários produzidos pela ANCINE, levando-se em conta parâmetros internacionais adotados por trabalhos como os da consultoria Digital Vector, obtidos a partir de demonstrações financeiras de empresas de capital aberto e na base de dados dos projetos financiados pelo próprio BNDES.

A Cisco, empresa de consultoria, estima que em 2021 o vídeo será responsável por pelo menos 80% do tráfego de dados online. Só em 2016 o brasileiro consumiu R$ 3,97 bilhões em animações distribuídas entre TV, cinema, games, plataformas digitais e publicidade. O detalhamento do estudo mostra que, em TV paga, o segmento de animação representou R$ 1,35 bilhão, ou 5,9% do valor total pago pelos assinantes da TV paga em 2016. No cinema, os valores referentes a receita com bilheteria para animações alcançaram R$ 518 milhões, ou 25% da bilheteria total no ano. O estudo também observou as receitas geradas pelos serviços de Video on Demand. O mercado de animação em plataformas de VOD teve R$ 73 milhões em receitas.

O segmento de animação tem mercado promissor quando aplicado na produção e desenvolvimento de games. Em 2016, animações embutidas em games geraram R$ 1,22 bilhão. Animação para uso corporativo e para publicidade movimentou R$ 800 milhões.

O Kaiser, 1º filme de animação brasileiro. (fonte: Wikipedia

EXTERIOR – A importância do crescimento desse nicho, que atrai mão-de-obra, geração de propriedade intelectual e exportação, está tendo reconhecimento no exterior à parte dos diversos prêmios em eventos internacionais e indicações ao Emmy que recebeu. O 42º Festival de Annecy (França), principal evento mundial do segmento, realizado entre 11 e 16 de junho últimos, homenageou o Brasil pelos 100 anos de exibição do filme “O Kaiser” feito por Seth (pseudônimo do cartunista Álvaro Marins), primeiro filme brasileiro de animação da história. Exposição sobre a animação brasileira e diversos outros eventos foram realizados em homenagem ao Brasil.

O BNDES está de olho nesse mercado há muito tempo e, por isso, é um de seus maiores apoiadores, já tendo investido, até hoje, R$ 82 milhões por meio de diversos instrumentos.

Detalhando: foram concedidas linhas de crédito no valor de R$ 48,2 milhões para estúdios de animação, que se traduziram na produção de mais de 8 mil minutos animados distribuídos em 832 episódios de séries de TV, além de dois longas-metragens. Via fundos de investimentos foram aplicados R$ 4 milhões em animações brasileiras. Por meio do seu edital de cinema, houve apoio de R$ 30,4 milhões a produções de 32 longas e cinco curtas de animação.

O Grilo Feliz: sucesso há 20 anos

O BNDES já há alguns anos tomou o lugar da Petrobras como maior patrocinador da cultura brasileira, sendo o grosso do investimento feito com leis de incentivo. Embora em 2017 tenha utilizado cerca da metade do valor total aplicado em 2016 – levando-se em conta apenas o uso dos benefícios da lei Rouanet (R$ 36 milhões, contra R$ 61 milhões no ano anterior), ele se mantém no primeiro posto, seguido pelo Banco do Brasil.

O Banco tem interesse particular pela Difusão de Acervo Audiovisual, como Festivais e Mostras de Cinema, e aí entra o setor de animação, onde o  Brazils Independent Games Festival foi exemplo em 2017. Somente nesse segmento foram aplicados R$ 7,7 milhões no ano passado.

Música Erudita, principalmente, e Música Instrumental, fazem da área de Música a terceira preferida da empresa, que não conta muito com Música Popular Cantada. Ao todo a área atraiu R$ 4,8 milhões. Mas o Patrimônio Cultural continua sendo o carro-chefe das aplicações. Ele envolve restaurações de Museus, Casas Históricas, Igrejas e espaços públicos. Em 2017 o BNDES destinou a ele R$ 21 milhões.

O Banco costuma divulgar dois editais por ano, embora deixe claro que patrocina ações independentes de lei de incentivo ou dos chamamentos públicos. O último edital, com prazo de inscrições encerrado em maio, teve um caráter inédito – foi destinado apenas para Eventos Literários, mas alertou que, com isso, não deixou de lado outras áreas que costuma apoiar. São quase todas, mas uma, particularmente, tem pouca chance de obter patrocínio do BNDES: Artes Cênicas, que por sinal é a preferida da maioria das empresas.

O perfil completo de como a política de patrocínio do BNDES é implementada está em nosso Perfil de Patrocinadores, um serviço exclusivo para os assinantes de VALOR CULTURAL, onde mais de 1.000 empresas podem ser pesquisadas.

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