Algumas construtoras tiveram muito lucro em 2023 e publicação do Estado de S. Paulo apontou as cinco que mais cresceram em valor de mercado naquele ano.
Com base nessa informação, buscamos saber o perfil dessas companhias e qual o envolvimento delas com cultura ou responsabilidade social.
O resultado foi esse, cujo detalhamento está em nosso Perfil de Patrocinadores.
DIRECIONAL – É uma das maiores construtoras e incorporadoras do Brasil, com foco no desenvolvimento de empreendimentos populares. Seu interesse principal está no programa Minha Casa, Minha Vida.
Em 2013 seu valor de mercado saltou de R$ 2,3 bilhões para R$ 3,8 bilhões.
Apesar de tanto dinheiro, não foi encontrada nenhuma referência do Grupo para atuação em ações de cultura ou de responsabilidade social.
E não publica Relatório Anual.
EZTEC – Está na quarta posição no ranking entre as construtoras que mais se valorizaram em 2023. Seu volume de vendas no ano foi de R$ 1,3 bilhão, sempre com produtos de alto padrão.
Atua em São Paulo com a marca Fit Casa e seu valor de mercado na Bolsa foi de R$ 4 bilhões.
Este é um caso interessante porque ela possui e disponibiliza no site sua Política de Patrocínios e Doações, o que virou coisa rara hoje em dia.
Mas, curiosamente, não foi localizada nenhuma indicação de patrocínio ou doação exercida durante esses anos. Com ou sem lei de incentivo.
O mais próximo disso foi uma parceria feita com instituição de ensino para que o Palacete Javet, casarão construído em 1930, em São Paulo, passasse a funcionar como escola. Isso está no Relatório de Sustentabilidade de 2022, porque o de 2023 ainda não foi publicado.
CURY CONSTRUTORA – É uma joint-venture entre Cyrela Brazil Realty e Cury Empreendimentos.
Fechou 2023 com valor de mercado de 5,2 bilhões, principalmente por lançamentos de apartamentos com 1 e 2 dormitórios.
No site da empresa há uma página onde elenca várias iniciativas socioculturais que tiveram seu apoio no Rio de Janeiro, especialmente no Porto Maravilha.
Indica que publicou edital para selecionar Organizações da Sociedade Civil que atuam na região da Pequena África/Região Portuária para efetuar doações pecuniárias. Foram nove organizações contempladas por meio de uma avaliação feita pela Comissão de Seleção.
Não utiliza lei de incentivo para patrocínio ou doações. E também não publica relatório anual.
MRV – É a maior incorporadora e construtora brasileira no segmento de empreendimentos residenciais populares em número de unidades incorporadas e cidades atendidas.
Segunda colocada no ranking de mais valiosas, bateu recorde de vendas com 45% a mais do que em 2022 e o valor de mercado da companhia saltou de R$ 3,6 bilhões para R$ 6,3 bilhões.
Por meio do Instituto MRV, apoia projetos sociais com foco em educação, alguns com transversalidade em esporte e cultura. Faz chamadas públicas para direcionar patrocínios, como o Educar para Transformar.
É forte patrocinadora do esporte, especialmente clubes de futebol.
Teve uma única experiência com lei federal de incentivo — foi no ano de 2000 ao destinar R$ 22 mil para um Festival de Música Étnica Internacional.
CYRELA – Terminou o ano como a empresa mais valiosa do setor, cujo valor de mercado foi de R$ 4,9 para R$ 9 bilhões. Vivaz, marca do segmento econômico, é o principal motor de crescimento da empresa.
Para a área social seu posicionamento é muito transparente, inclusive com balanço social do Instituto Cyrela. Seu Relatório de Sustentabilidade é excelente, mas a cultura não tem espaço nele.
Houve uma exceção em 2020, quando utilizou a lei Rouanet para apoiar projetos que foram desde planos anuais como os do Instituto Baccarelli, Bieth Lubavitch, assim como o do Vocação Cultural, que objetiva democratização de diferentes linguagens conectadas à cultura artística para as crianças, os adolescentes e os jovens atendidos anualmente.
O braço da Cyrela atingiu também o plano anual do Observatório de Favelas, importante instituição atuante no complexo da Maré, no Rio de Janeiro, assim como a Organização Social Parceiros Voluntários, beneficiando seu projeto Tribos e Teatro, que realizou iniciação em artes cênicas e a produção de 20 peças teatrais baseadas nas atividades e ações desenvolvidas pelos estudantes do ensino fundamental e médio de escolas públicas.
O Instituto Arte-Educação recebeu patrocínio substancial para sua ação denominada Eu Sou 2020 – Oficinas de Artes Visuais e Circuito de Exibição do Documentário.
Mas essa experiência, que resultou numa aplicação de R$ 2,1 milhões naqueles projetos, não se repetiu. A empresa não utilizou mais a lei federal de incentivo.
Seu foco está nos projetos de educação destinados a crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social.
SERVIÇO
A matéria-referência para criação desse post foi esta.
Homepage: Imagem de Jan
O Perfil de Patrocinadores, plataforma com ficha de mais de 1.300 empresas que apoiam cultura, é um serviço exclusivo para assinantes de Valor Cultural.